Rio Leça
São diversas as teorias sobre a origem do onomástico “Leça”.
Nos escritos antigos aparecem vários nomes, nomeadamente, Lethes, Celando e Letitia.
O rio Lethes é na mitologia considerado como o rio do esquecimento. Para alguns autores este rio corria nas proximidades de Tártaro, ou seja, no lugar mais profundo do inferno; para outros, corria na extremidade ou no centro dos Campos Elíseos, lugares deliciosos iluminados por um sol especial e rodeados de bosques de roseiras e mirtos. Quem bebesse da água deste rio esqueceria todos os males da vida e reencontrava o bem-estar e toda a alegria da Terra.
A maior parte dos autores concorda que o nome Celando (de Celandus) era uma antiga designação do rio Cávado e que o nome de Lethes se refere ao antigo Belion dos Lusitanos, que passou a designar-se dessa forma depois da conquista romana e que atualmente se designa por rio Lima.
No Entanto, o rio Leça é mais que um nome, é um curso de água que nasce no concelho de Santo Tirso, e que, no seu percurso até à foz, no porto de Leixões, em Matosinhos, percorre cerca de 47 Km ao longo de 4 concelhos (Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos).
Caracterização Geral da Bacia Hidrográfica do rio Leça
O rio Leça nasce no lugar de Redundo, freguesia de Monte Córdova, no concelho de Santo Tirso, a uma altitude de 475 m, percorrendo 46,750 Km desde a nascente até à foz, no porto de Leixões, em Matosinhos, onde desagua no Oceano Atlântico.
No seu percurso, atravessa sucessivamente os concelhos de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos.
A sua bacia hidrográfica, ou seja, a área que é drenada pelo rio Leça e pelos seus afluentes, compreende uma superfície de 190 Km2 e é delimitada a norte pela bacia do rio Ave e a sul pela bacia do rio Douro.
Ecossistemas Aquáticos, Ripícolas e Terrestres
Os ecossistemas aquáticos, ripícolas e terrestres associados à bacia hidrográfica do Leça encontram-se fortemente alterados devido à inserção da mesma numa área fortemente industrializada e com grande aglomerado populacional e, tal como acontece com a maioria das bacias hidrográficas do nosso país, apenas podemos encontrar situações de melhor qualidade ecológica nas zonas próximas das nascentes.
Clima
O clima da região do Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do rio Leça resulta da sua posição geográfica e proximidade do Atlântico e da forma e disposição dos principais relevos.
Estes fatores determinam que a região seja relativamente pluviosa, apresentando valores da precipitação média anual que variam entre os 900 e os 2.400 mm, onde, nos setores mais elevados de montante da bacia, são registados valores de precipitação média anual da ordem de 2.000 mm, repartida por cerca de 130 dias.
A maior parte da área do PBH apresenta temperaturas médias anuais entre 13ºC e 15ºC. A faixa localizada a leste do alinhamento Santo Tirso – Paços de Ferreira, mais elevada, apresenta temperatura entre 11ºC e 13ºC. A faixa litoral apresenta os maiores valores de temperatura, de cerca de 14,5 ºC e em Pedras Rubras a temperatura é um pouco menor, de cerca de 13,8ºC.
Os verões são do tipo moderado, com a temperatura média máxima do mês mais quente (julho) entre 22 °C e 24 ºC, registando-se temperaturas superiores a 25 ºC entre 1 a 10 dias anualmente. Os invernos são do tipo moderado, observando-se em janeiro cerca de 1 dia, em média, com temperatura do ar negativa.
De acordo com critérios simples de classificação, o clima da área do PBH varia entre temperado, húmido e muito chuvoso nos setores de montante e temperado, húmido e moderadamente chuvoso na faixa litoral.
Solos
As principais rochas consolidadas da região são, por ordem decrescente de representação, os granitos, os xistos, os granodioritos e diversas rochas afins destas.
Recursos Biológicos. Conservação da Natureza
De entre as espécies florísticas, não há espécies a destacar por deterem estatuto de ameaçadas. A formação florística espontânea ainda existente com valor ecológico é as florestas-galeria de amieiro (Alnus glutinosa), carvalho (Quercus robur) e salgueiro (Salix spp).
São referidas para a área da bacia hidrográfica, embora sem confirmação no terreno, as seguintes espécies de mamíferos: toupeira-d’água, o musaranho-anão e a doninha.
Das espécies de répteis, as seguintes são consideradas potencialmente ocorrentes na área em análise: licranço, sardão, lagarto-d'água, lagartixa, cobra-d’água-viperina, cobra-d’água-de-colar.
Quanto aos anfíbios, podem ocorrer as seguintes espécies: salamandra-lusitânica, salamandra de pintas amarelas, tritão de patas espalmadas, tritão marmorado, sapo parteiro, discoglosso, sapo de unha negra, sapo, sapo corredor, réla, rã-ibérica e a rã-verde. O facto de as águas do Leça se apresentarem bastante contaminadas a nível orgânico e industrial torna a ocorrência dos anfíbios, atualmente rara. Não havendo referência de anfíbios no curso do rio, estima-se que apenas algumas destas espécies possam ser encontradas nos troços iniciais e nalguns dos seus afluentes.
Antigamente havia no rio uma grande variedade de peixes: barbos, bogas, escalos e, em menor quantidade, trutas, sendo a pesca uma atividade muito praticada no Leça. Próximo do mar, em maré-alta, era possível observar ainda tainhas, múgens e outras espécies de peixe miúdo.
Paisagem
O rio Leça nasce acima do lugar de Redundo, relativamente próximo e a leste do Monte da Citânia, o qual se localiza entre os concelhos de Santo Tirso e Paços de Ferreira. Banha o que foram as antigas terras rústicas da Maia e do antigo concelho de Bouças, atual concelho de Matosinhos, tendo sofrido o seu troço jusante alterações profundas com a construção do porto de Leixões nos finais do séc. XIX.
Os relatos de inícios do século apresentam-no como um rio bucólico, calmo, pleno de azenhas e açudes, correndo por entre bouças, milheirais e humedecendo férteis várzeas. Aliás, tais como outros concelhos dos arredores do Porto, o concelho da Maia era um importante centro de cultivo hortícola e frutícola, fornecedor da cidade, pelo que podemos imaginar a importância do rio Leça e da sua rede hidrográfica como gerador de recursos naturais e consequentemente no estabelecimento de aglomerados humanos.
Hoje em dia a paisagem caracteriza-se por uma zona de cabeceira muito estreita e pouco extensa que alarga progressivamente até á foz, podendo dividir-se a bacia do Leça nos três troços que genericamente se descrevem:
- Troço montante - pequena área de cabeceira, de carácter eminentemente rural, com pequenos aglomerados rurais, onde a paisagem é ordenada e de grande qualidade.
Freguesias abrangidas: Lamelas e Refojos de Riba d'Ave.
- Troço intermédio – zona mais larga e extensa que a anterior mas ainda relativamente estreita, que vai da Reguenga até cerca de S. Pedro Fins e Ermesinde. O primeiro terço deste troço, freguesia da Agrela, também é rural e apresenta boa qualidade paisagística. A restante área do troço começa, a partir daqui, a adquirir um carácter periurbano e algo industrializado, pelo que à medida que caminhamos para jusante, a qualidade da paisagem vai sendo cada vez mais média e reduzida.
Freguesias abrangidas: Água Longa, Alfena, Folgosa e Coronado.
- Troço jusante ou terminal da bacia – zona mais extensa e vasta, que engloba todo o núcleo urbano e periurbano dos concelhos da Maia e de Matosinhos e algumas freguesias do Porto. É fortemente industrializada e por conseguinte a sua qualidade paisagística é genericamente reduzida.
Freguesias abrangidas: Moreira da Maia, Milheirós, Águas Santas, S. Mamede de Infesta, Paranhos, Leça do Balio, Leça da Palmeira, Custóias e St.ª Cruz do Bispo.
Ressaltam duas unidades principais de paisagem contrastantes, constituintes da bacia hidrográfica do Leça. A maior unidade correspondendo às grandes zonas urbanas e suburbanas dos concelhos de Matosinhos e Maia, de qualidade visual da paisagem reduzida. A unidade menor correspondendo à zona montante da bacia, agrícola, ordenada e preservada, de elevada qualidade visual.
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