Vila de Santo André
BIOGRAFIA DE SANTO ANDRÉ (~ 5 a. C. - 100)
Apóstolo de Jesus Cristo nascido em Betsaida da Galileia, escolhido para ser um dos Doze, e nas várias listas dos Apóstolos dadas no Novo Testamento é sempre citado entre os quatro primeiros junto com Pedro, João e Tiago, sendo seu nome mencionado explicitamente três vezes: por ocasião do discurso escatológico de Jesus (Mc 13,3), na primeira multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6,8) e quando, juntamente com Filipe, apresenta a Jesus alguns gentios (Jo 12,22). Também pescador em Cafarnaum, foi o primeiro a receber de Cristo o título de Pescador de Homens e tornou-se o primeiro a recrutar novos discípulos para o Mestre.
Filho de Jonas tornou-se discípulo de João Baptista, cujo testemunho o levou juntamente com João Evangelista a seguirem Jesus e convencer seu irmão mais velho, Simão Pedro a segui-los. Desde aquele momento os dois irmãos tornaram-se discípulos de Cristo e deixaram tudo para seguir a Jesus. No começo da vida pública de nosso Senhor ocuparam a mesma casa em Cafarnaum. Segundo as Escrituras esteve sempre próximo de Cristo durante a sua vida pública.
Estava presente na Última Ceia, viu o Senhor Ressuscitado, testemunhou a Ascensão, recebeu graças e dons no primeiro Pentecostes e ajudou, entre grandes ameaças e perseguições, a estabelecer a Fé na Palestina, passando provavelmente por Cítia, Épiro, Acaia e Hélade. Para Nicéforo ele pregou na Capadócia, Galácia e Bitínia, e esteve em Bizâncio, onde determinou a fundação da Igreja local e apontou São Eustáquio como primeiro bispo.
Finalmente esteve na Trácia, Macedónia, Tessália e Acaia. Segundo a tradição foi crucificado em Patros da Acaia, cidade na qual havia sido eleito bispo, durante o reinado de Trajano, por ordem do procônsul romano Egéias. Atado, não pregado, a uma cruz em forma de X, que ficou conhecida como a cruz de Santo André, ainda que a evidência disso não seja anterior ao século XIV. Suas relíquias foram transferidas de Patros para Constantinopla (356) e depositadas na igreja dos Apóstolos (357), tornando-se padroeiro desta cidade. Quando Constantinopla foi tomada pelos franceses no início do século XIII, o Cardeal Pedro de Cápua trouxe as relíquias para Itália e as colocou na catedral de Amalfi, onde a maioria delas ainda permanece. É honrado como padroeiro da Rússia e Escócia e no calendário católico é comemorado no dia 30 de Novembro, data de seu martírio.
FONTE: http://www.e-biografias.net/especial/apostolos/santo_andre.php
SANTO ANDRÉ – PEQUENO HISTORIAL DE UMA FREGUESIA
As origens históricas da Freguesia de Santo André remontam ao pequeno lugar da Telha, do qual já temos referência em dois documentos do Mosteiro de São Vicente de fora de 1320, nomeadamente numa carta de doação e noutra de emprazamento, ambas referentes a vinhas.
É pouco provável que nesta altura, e durante todo o séc. XIV e parte do XV, o lugar fosse considerado como freguesia, não passando decerto de uma zona de quintas e casais num dos extremos do termo de Alhos Vedros.
Aliás, o carácter eminentemente rural da zona da Telha está bem patente ao longo de todo o século XIV, expresso nos vários diplomas que se conhecem desta época.
Façamos aqui um pequeno parêntesis para dizer que a Telha já se encontra referenciada como uma das comunidades que participaram na lenda do Domingo de Ramos de Alhos Vedros em 1147, segundo a qual, no dito dia, os cristãos desta vila e lugares foram assaltados pelos muçulmanos de Palmela quando se encontravam a oficiar na Igreja de São Lourenço, conseguindo vencê-los servindo-se apenas das palmas e dos ramos bentos como armas.
A partir deste acontecimento, e para o comemorar e perpetuar na memória das gentes, celebrar-se-ia anualmente naquele Domingo, depois da cerimónia da bênção dos Ramos, uma grande festa dedicada a Nossa Senhora dos Anjos (Santa de invocação naquela hora memorável), à qual eram obrigados a assistir os povos de Alhos Vedros, Lavradio, Verderenas, PaIhais, Moita, Barreiro e Telha.
Mais ficção que realidade (dificilmente existiam em 1147 já estruturadas as comunidades citadas), não quisemos, contudo, de deixar de referenciar a existência desta lenda, cuja obrigatoriedade de assistência à festa de Nossa Senhora dos Anjos continuará através dos séculos.
Voltando ao século XIV, e exemplificando o que atrás foi dito sobre o carácter rural da zona da Telha, a mesma será alvo, em 1399, de um emprazamento feito pelo Convento da Graça de Lisboa a um tal João de Monsanto, pelo foro anual de um tonel e meio de vinho e dois capões.
Em 1411, 1412 e 1416 repete-se este emprazamento da Quinta da Telha (como é dominada), mas a diferentes foreiros.
Teremos que esperar pelo último quartel, do séc. XV para encontrarmos a Telha já constituída como um agregado populacional e, provavelmente, muito perto de se tornar numa das freguesias do Concelho de Alhos Vedros, à semelhança dos seus vizinhos de Palhais e da Verderena.
Data de 1487 um dos documentos que conhecemos de maior relevância para a história da Telha: trata-se da carta de sesmaria do Cabo da Praia, concedido a um tal Afonso Vaz sob obrigação de o aproveitar para aí fazer marinhas de sal. A outorga deste documento é já feita pela Ordem de Santiago, à qual pertencia toda a jurisdição da Comenda de Alhos Vedros.
Refira-se ainda que pouco êxito deve ter tido este aforamento em sesmaria, uma vez que as marinhas se situavam numa zona de sedimentação de areias, que o esteiro do Coina arrastava para o Tejo desde a Arrábida, tornando assim o local estéril para a produção de sal.
Cabe aqui uma nota sobre as testemunhas deste acto, que foram o tabelião Pêro Anes, o bateleiro Padre Anes e ainda um Andrade Berredo, todos moradores no lugar da Telha, confirmando-se aqui já a existência de um agregado populacional estruturado em 1487.
Em 1523 é feita pela Ordem de Santiago a primeira visitação à Igreja de Santo André da Telha, cuja edificação, à semelhança das outras filiais da matriz de Alhos Vedros, se deveu aos moradores do próprio lugar. Possuía esta Igreja uma Bula papal de 10 cardeais, através da qual eram concedidos vários dias de indulgência nas quadras festivas, regulando também a existência de um capelão de missa, cujo sustento estava a cargo dos moradores da Telha.
Dos primeiros doadores que engrandeceram e ornamentaram a Igreja de Santo André, destacam-se Margarida Lopes, viúva de Pêro de Paiva, escudeiro da casa real e escrivão dos Fornos de Vale de Zebro, e Pedro Quaresma, fidalgo igualmente da casa real e feitor dos Fornos e Moinhos de Vale de Zebro, ao qual D. Manuel ofereceu por seu casamento com D. Maria do Vale um lugar de morador na Mina.
Homem rico e importante, deveu-se ainda a este Pêro Quaresma (cujos descendentes terão um papel importante na história da vila do Barreiro) a instituição na dita Igreja de uma capela dedicada a Nossa Senhora, para a qual teve licença do próprio Mestre D. Jorge da Ordem de Santiago, tendo-a dotado com três vinhas e outros bens que possuía na Telha e deixando a sua administração aos seus descendentes.
Uma outra capela existente na Igreja de Santo André era a de Pedro Anes Cota, dedicada a Nossa Senhora da Piedade. A sua administração, tal como a da anterior, pertencia à família, para a qual tinham vinculado muitos dos bens que os Cota possuíam na Telha.
Ficou-se também a dever a Pedro Anes Cota a edificação do moinho do Maricota, situado junto à praia da Telha, e que hoje já não existe (dentro dos terrenos da Parceria Geral de Pescarias apenas subsiste o moinho do Duque).
Em 1532 havia na Telha 33 fogos, ou seja, cerca de 150 habitantes, tendo havido uma tendência para a estagnação deste índice ao longo do século XVI. Em 1553 contavam-se na freguesia 37 fogos (160 habitantes), e em 1565 e 1571 o número era praticamente o mesmo.
No século XVII, ou mesmo ainda nos finais do século XVI, assistir-se-à a um aumento demográfico na freguesia, com 62 fogos em 1614 (número contado juntamente com o da Verderena) e 60 em 1620. A causa principal deste incremento na população terá sido a instalação no lugar de um arsenal da marinha, isto é, de um estaleiro naval.
Cumpre-nos rectificar a este respeito as origens lendárias que se costumam atribuir a tal instalação e que para alguns autores, remontariam até mesmo ao reinado de D. Dinis (!), numa afirmação totalmente carente de provas documentais que não parece corresponder de forma alguma à verdade histórica.
Aliás, estas instalações eram por demais importantes não serem referenciadas nos múltiplos documentos (de aforamento e outros) que sabemos incidirem sobre o local onde posteriormente foi instalado o arsenal da marinha (ou Feitoria), como é o caso do já atrás citado aforamento de sesmaria de 1487.
Quanto às causas do surgimento deste arsenal, dever-se-á ter presente a necessidade sentida em Portugal de se aumentar e acelerar a construção de navios de guerra, principalmente após o desastre da Invencível Armada. Depois da Restauração da monarquia portuguesa em 1640, as instalações da Telha sofrerão grande incremento e, atestando a sua importância, o rio Coina é frequentemente referido nos documentos oficiais e na cartografia como Rio da Telha.
Lembremo-nos também que a instalação de um estaleiro naval na zona da Telha (existiu um outro em frente, no lado do Seixal, na mesma época) visava o aproveitamento do recolhimento dos esteiros em relação aos ventos dominantes, o que não acontecia na Ribeira das Naus em Lisboa, demasiado exposta.
Também a existência de madeiras em abundância foi determinante para que aqui se iniciasse a construção dos barcos no Outono e Inverno (com madeira preparada através do enterramento no solo), a qual era terminada em Lisboa, durante a Primavera e o Verão.
Ainda no que se refere ao estaleiro da Telha, gerar-se-á em toda a zona que hoje faz parte do concelho do Barreiro o aparecimento de profissões e gentes ligadas à construção naval, como sejam os calafates, os carpinteiros da ribeira, os serralheiros, etc.
Paralelamente à existência da feitoria, o lugar da Telha (cujo contributo para a expansão fica atrás demonstrado) continuou com a sua feição predominantemente agrícola, reflectida na existência de grandes quintas onde trabalhavam um considerável número de escravos.
Disto mesmo é exemplo o testamento de Leonor Gomes, filha de Jerónimo Dias, um dos escrivães de Vale de Zebro, a qual no seu testamento, em 1587, expressa bem o estilo de vida dos grandes proprietários fundiários da região, deixando aos seus familiares os inúmeros escravos domésticos e agrícolas que possuía. No século XVIII o pároco da Telha, Padre Jorge do Sacramento e Sousa, ao responder em 1758 ao inquérito nacional do Padre Luís Cardoso (Informações Paroquiais ou Dicionário Geográfico), recorda ainda a existência da antiga feitoria, a par da prosperidade agrícola da região. Segundo informa, na altura o estaleiro já se encontrava semi-de-molido e desactivado, mas a sua memória perpetuava-se num cruzeiro existente na povoação com os seguintes dizeres: Memória Mea in Generationes, o que significa, em tradução livre, perdurará a memória nos tempos, numa clara alusão à importância que a feitoria chegou a ter no século XVII.
Através das respostas dadas ao questionário do Padre Luís Cardoso pelo vigário da Telha, podemos esboçar um quadro aproximado do lugar daquela época. Demograficamente este tinha já decaído, tendo apenas 112 habitantes para um total de 27 fogos, acentuando-se esta tendência nas décadas seguintes até finais do século XVIII, chegando a freguesia da Telha a ter somente 14 fogos em 1798, para um total de 65 habitantes (censo de Pina Manique).
Filiada agora na matriz do Lavradio (Santa Margarida), a Igreja de Santo André atraía nesta altura (1758) um número considerável de peregrinos, que iam ao lugar em busca de poderes milagrosos de uma imagem de Jesus dos Aflitos, que bastante fama granjeava. Independentemente destas romagens, a festa da Telha continuava a realizar-se no dia do orago da Igreja (30 de Novembro).
Também a edificação de um hospital na Telha, feito à custa de um dos párocos da Igreja de Santo André, ter-se-á devido à existência destas romagens, afirmando o Padre Sacramento e Sousa que o mesmo, embora sem rendimentos, servia «(...) para recolhimento de peregrinos e pobres mendigos (...)».
Para além do lugar da Telha em si, não existia nesta altura nenhum povoamento de monta no espaço da freguesia, se exceptuarmos as quintas. Aparecem, contudo, alguns topónimos referentes a várias zonas agrícolas (o vinho era um dos maiores bens da região), como sejam a índia, a Caravela, os Vales, a Vela, as Cordeiras, etc.
No século XIX assiste-se a uma recuperação da Telha, devido à instalação junto ao rio de uma fábrica de pólvora, cuja edificação em muito se deveu à iniciativa do famoso Padre Himalaia (apodo que lhe adveio da sua elevada estatura, tendo-lhe sido conferido pela troça dos seus colegas de seminário), cujo verdadeiro nome era Manuel António Gomes.
Nasceu este Padre Himalaia em Arcos-de-Valdevez em 1868, tendo vindo a falecer em Viana do Castelo em 1933. Ainda hoje perdura na memória da população de St.9 André a sua passagem (quase mítica) pela freguesia, e a lembrança das suas fórmulas mágicas de química.
São ainda visíveis as ruínas desta fábrica de pólvora, onde se fizeram algumas experiências com a Himalaíte, um poderoso explosivo da inventiva do Padre Himalaia. A Instalação de tal fabricação na região deveu-se, mais uma vez, à proximidade estratégica do rio e à facilidade de escoamento através dos barcos carreteiros que cruzavam o Coina.
Nos finais do século XIX foi aqui instalada uma importante indústria de seca do bacalhau, na zona do cabo da praia da Telha, na denominada Azinheira Velha, propriedade que a família Bensaúde adquiriu para montar (em 1891) a referida seca, integrada na empresa da Parceria Geral de Pescarias, sedeada em Lisboa.
Esta centenária seca do bacalhau ocupa a área onde antes se erguiam as instalações do antigo arsenal da marinha, encontrando-se junto dos edifícios administrativos da empresa um canhão que foi retirado do lodo, o que atesta a antiguidade e ocupação daquela zona.
Ainda hoje em actividade, a Parceria Geral de Pescarias da Telha e as áreas envolventes constituem um sempre renovado motivo de interesse para quem visita a actual freguesia de St.9 André, desfrutando-se da estrada de acesso a estas instalações de uma das mais bonitas panorâmicas de todo o Concelho do Barreiro.
No início do século XX, com a instauração da república em Portugal, os bens da Igreja e Ordens Religiosas sofreram um saque generalizado, devido ao anticlericalismo reinante. A pequena Igreja de St.9 André da Telha não escapou a essa onda que avassalou o país, e com grande intensidade o Concelho do Barreiro (onde só a Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi excepção), tendo sido vendida a particulares, em cujas mãos ainda hoje se encontra.
A sacristia, que era anexa à Igreja, foi transformada em casa de habitação, e o corpo do templo, totalmente reedificado e adulterado, é hoje uma mercearia e um café, subsistindo somente a capela-mor, semi-transformada em cozinha do referido estabelecimento.
Se hoje nos entristece termos perdido tão importante parte no nosso património cultural, tal não deve ser impeditivo de acarinharmos o que ainda nos resta, de tentarmos preservar uma identidade cultural que nos vem a ser legada desde há séculos.
Na história recente de Santo André predomina a memória das antigas quintas que aqui existiam, em redor dos quais se viu surgir novos aglomerados populacionais, engrossados com o constante fluir de gentes que ao Concelho do Barreiro chegavam em busca de melhores condições de trabalho e de vida.
Tal foi o caso da Quinta da Lomba, da Quinta das Canas (famosa pelo seu vinho de marca), da Quinta dos Arcos e do Vale do Romão (que já existia em 1587!).
As constantes migrações demográficas, cujo fluxo para a zona da Telha podemos datar desde que a Parceria Geral de Pescarias abriu as portas como entidade empregadora, determinou um desenvolvimento imparável de um conjunto de lugares, esboçando-se os contornos de uma Comunidade multifacetada que não tardaria a reivindicar o seu reconhecimento.
Na verdade, a velha freguesia de Santo André tinha-se diluído no século XIX, repartindo-se entre as freguesias do Lavradio e de Palhais. Será necessário esperar pelo final da década de 50 do século XX para que de novo encontremos vivo o espírito reivindicativo da antiga freguesia, que durante cerca de 15 anos lutará pela sua autonomia.
O desenvolvimento demográfico da zona da Telha atinge a partir dos finais da década de 50, características próprias de um núcleo populacional com características autónomas que vieram determinar em 25 de Outubro de 1973 a recriação da Freguesia de Santo André cujos limites vieram a ser alterados em 1985, com a criação de novas Freguesias, Tendo sido elevada a Vila em 21 de Junho de 1995. Agregado populacional de fortes tradições democráticas, a Freguesia de Santo André tem nas suas colectividades de Cultura, Recreio e Desporto um importante factor de participação colectiva e de espaço de discussão e vivência própria, que se inseriu activamente no processo de transformação democrático vivido pela sociedade Portuguesa nas últimas décadas.
FONTE: Freguesia de Santo André - Sua História, Junta de Freguesia de Santo André, 1991, págs. 5-14.
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