Os seus primeiros quilómetros são de uma rara beleza, que lhe valeram o lugar na conhecida canção Eu vou a Miranda ver os pauliteiros, nos versos
O comboio vai a subir a serra, parece que vai mas não vai parar, sempre a assobiar vai de terra em terra, dê por onde der quero lá chegar!
O comboio vai a subir a serra, parece que vai mas não vai cair, sempre a assobiar vai de terra em terra, como a perguntar onde quero ir.
O troço até ao Pocinho da Linha do Douro foi aberto no dia 10 de Janeiro de 1887.
Planeada desde 1877, a construção da Linha do Sabor tinha como objectivo fornecer uma ligação ferroviária ao Planalto de Miranda e aos importantes recursos naturais naquela região, especialmente as minas de ferro em Torre de Moncorvo e os depósitos de mármore e alabastro de Santo Adrião, e servir o tráfego internacional na província em Zamora; os planos iniciais defendiam a utilização da bitola ibérica nesta ligação, de forma a evitar os transbordos no Pocinho, tendo sido estabelecida na classificação de 1898. No entanto, surgiu uma nova corrente de opinião, que preferia a via estreita, devido à extrema dificuldade que a construção iria oferecer, pelo facto de se considerar que as previsões de tráfego eram demasiado optimistas; este movimento foi apoiado pelos militares, devido à proximidade do traçado em relação à fronteira. Assim, chegou-se a uma solução intermédia, que preconizada a bitola ibérica entre o Pocinho e Reboredo, e métrica no restante traçado. Em Dezembro de 1901, o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria encarregou o conselho de administração da companhia dos Caminhos de Ferro do Estado de preparar e abrir o concurso para a construção da Ponte do Pocinho[2], e uma portaria de 1 de Dezembro de 1902 abriu um novo concurso para a construção da Ponte, utilizando a bitola ibérica.
No entanto, a utilização de duas bitolas distintas revelou-se desnecessária, devido à facilidade com que os transbordos seriam efectuados no Pocinho, pelo que uma portaria datada de 9 de Março de 1903 ordenou a execução dos estudos para toda a linha, em via métrica; este documento também procurou adjudicar a construção e gestão desta linha à iniciativa particular, com uma garantia de juro de 5,5%. Esta iniciativa falhou, pelo que a concessão foi atribuída ao Estado Português, segundo uma carta de lei de 1 de Julho de 1903. No entanto, no dia 15 do mesmo mês, um decreto estabeleceu que a Ponte do Pocinho deveria ser construída em via larga, com um ponto de transbordo na margem Norte do Rio Douro, e, em 11 de Novembro, uma portaria voltou a estabelecer a via métrica em toda a linha, embora a Ponte devesse ser preparada para receber bitola ibérica. Os planos para a linha e para a ponte foram regulados, correspondentemente, pelas portarias de 20 de Junho e 8 de Outubro do mesmo ano, e um decreto de 21 de Outubro voltou a estabelecer os subsídios para a construção.
Todos os serviços ferroviários na Linha do Sabor foram suspensos em 1988.