Quinta da Alagoa, vestígios de um passado
A Quinta da Alagoa, em Carcavelos, é
apenas um vestígio da imensa área que a constituía. Um espaço verde
e agradável, ensombrado pelas ruínas da casa senhorial que viu
florescer o Vinho de Carcavelos.
A Carta Régia de 19 de Janeiro de 1759 confiscou a Quinta da
Alagoa à Companhia de Jesus, a quem pertencia provavelmente desde o
princípio do século XVII. Segundo D. Luís Manuel da Câmara, há
cartas do Padre António Vieira escritas na Quinta da Alagoa, onde
este célebre jesuíta terá vivido entre 1641 e 1653.
Alguns anos depois de a Quinta ser confiscada, por volta de 1763, o
Rei D. José fez a sua doação a José Francisco da Cruz, anexando
diversas parcelas de terra às já pertencentes à quinta. Para
que se tenha ideia das dimensões do morgado então
constituído, a relação conhecida dos terrenos que abrangia,
englobava a Alagoa de Cima, Quinta das Vacas, Casaes do Zambujal,
Tires, Quinta do Junqueiro (já perto do mar) e a Quinta Nova ou de
Sto. António.
Até 1863, o morgado da Alagoa esteve na posse da mesma família
passando de pais para filhos, sendo nesta data José Francisco da
Cruz Alagoa, o 3º morgado da Quinta. Seria o terceiro
e último, pois no referido ano foi promulgada uma lei que
extinguia os morgadios.
Cerca de dez anos mais tarde, a Quinta, já propriedade do filho de
José Alagoa, é comprada por Jerónimo José Moreira, natural de S.
Domingos de Rana.
O Vinho de Carcavelos
Durante vários anos este novo proprietário fez
obras na quinta, construindo novos edifícios, entre eles um
«chalet», uma casa com caldeira para destilação de vinho e uma
grande adega, onde ainda hoje se pode ver, na cartela sobre a porta
Sul, as iniciais J. J. M., sobre a data de 1879.
Era o primeiro passo para a produção do Vinho de Carcavelos, do
qual viria a ser um dos principais produtores.
Jerónimo Moreira foi Presidente da Câmara de Oeiras, cargo que
assumiu em 1879.
Com a sua morte sem herdeiros directos a Quinta passa para a
posse de seu irmão, que veio a falecer em 1895, altura em que se dá
nova reviravolta na história da Quinta.
Como os filhos do novo proprietário ainda eram menores, a Quinta
foi colocada à venda, sendo comprada por Frederick Davidson
que de imediato se dedicou à reanimação da vinha, atacada pela
praga das videiras, a «filoxera».
A sua vida na Quinta seria curta, vindo a falecer poucos anos
depois de a comprar. Mais uma vez a Alagoa é vendida, desta vez a
alguém cujo nome não caberia no espaço que hoje é reservado nos
formulários, isto pelo facto do novo proprietário ter onze
nomes! Mas tratemo-lo, com o devido respeito, por Vasco de
Salles.
A importância da Quinta para além da produção do Vinho de
Carcavelos, pelo que recebeu prémios internacionais, era atestada
pelas visitas ilustres que recebia, incluindo a família real.
Foi após a implantação da República que Vasco de Salles mais se
dedicou à produção do vinho, atingindo valores e prestígio muito
importantes até à Guerra de 1914/1918, exportando uma grande parte
do vinho produzido.
Depois da Guerra, a concorrência de outros vinhos mais baratos e a
degradação das próprias videiras, foram obrigando a substituir
zonas de vinha por outras culturas, até que por volta de 1933 a
Quinta da Alagoa deixou de produzir o Vinho de
Carcavelos.
O fim dos bons tempos
Falecido Vasco de Salles, e mais tarde sua esposa,
herda a Quinta o filho, Vasco Manuel da Câmara, que procede a
profundas alterações; planta pomares, cedros e eucaliptos, altera o
jardim, arranca palmeiras e melhora o campo de Ténis.
A Quinta passa a ser um ponto de encontro de personalidades, com
uma vasta lista de nomes, onde figuram, por exemplo, o Rei Umberto
de Itália ou o Arquiduque de Áustria e amigos do proprietário, que
encontravam para além de um lugar aprazível, a simpatia de quem os
recebia. Vasco da Câmara e sua esposa Maria do Carmo morrem em
1973, deixando nove filhos.
A dificuldade de posse da Quinta por qualquer dos herdeiros, levou
ao loteamento dos terrenos para urbanização, com doação á Camara
Municipal de uma área para parque e arruamentos, assim como das
casas, adega e outros anexos, com o fim de serem preservados.
O que resta dos edifícios da Quinta da Alagoa é, infelizmente, mais
um exemplo do estado a que deixamos chegar o nosso património
histórico. As ruínas que podemos observar, seja qual for a razão
porque atingiram tal degradação, mereciam outra sorte e não deixam
de fazer pensar nas palavras de D. Luís Manuel da Câmara, no seu
livro que serviu de base a este trabalho: «é indissociável a Alagoa
de Carcavelos, jamais deixará de estar bem viva e bem presente na
sua memória. A Quinta da Alagoa a todos deixou a sua marca, a todos
deixou profundas saudades; mas Carcavelos saberá perpetuar a
recordação desses tempos, as raízes dessa tradição…»
Texto: Alexandre Gonçalves
Amplamente procurado pela população local,
constitui um espaço de utilização informal onde recreio activo e
passivo se tornam possíveis nos amplos espaços relvados, nos dois
parques infantis, nos campos de ténis, na envolvente da lagoa e
mesmo de forma mais nostálgica junto aos elementos arquitectónicos
mais antigos.
A
CACHE
A cache está acessível todos os dias do ano
nos seguintes horários de funcionamento do parque.
HORÁRIO DE INVERNO: 08:30 -
21:00
HORÁRIO DE VERÃO: 08:30 -
19:45
Contém o
logbook e material de escrita!
ACIMA DE TUDO
DIVIRTAM-SE!!!!!!!