O tesouro do Senhor
D'Além
Reza a história
que em 1140 foi recolhido do
fundo do rio Douro por pescadores dos Guindais que andavam na
apanha do sável um enorme crucifixo, que foi levado para uma ermida
da invocação de S. Nicolau que havia no cimo da actual Serra do
Pilar (nesse tempo Monte da Meijoeira).
Nessa altura D. Pedro Rabaldio, o bispo do Porto,
mandou construir uma ermida para colocar o Santo Crucifixo num
"penedo que está acima do cais", local em que actualmente está a
capela do Senhor de Além (cujo nome se deve à sua localização em
frente aos Guindais, além-Douro).
Anos mais tarde mandou-se
construir o actual convento da serra do Pilar. O bispo D. Baltazar Limpo
ordenou então que as imagens de São Nicolau, de São Bartolomeu e do
Senhor Crucificado, que estavam na igreja do extinto convento das
Donas Pregaretas de S. Nicolau passassem para a capela do Senhor de
Além, que para esse fim tinha sido reformada e ornamentada pelos
monges de Grijó.
A
24 de Agosto
de 1500 as imagens foram levadas por barcos em procissão pelo rio
Douro, seguindo-se as devidas cerimónias.
Esta
"Milagrosa Imagem" era diversas vezes utilizada tanto em
"Procissões de
Preces", para pedir quer chuva quer o fim de cheias, como em
"Procissões de Graças", para agradecer graças concedidas, como a que se fez a 18
de Novembro de 1755 pelo motivo da cidade ter escapado praticamente
ilesa ao terramoto que destruiu Lisboa dias
antes.
A imagem
do Senhor Crucificado foi certa vez levada ao Porto para que se
fizessem as tais preces ad pretendam pluviam (rezar a queda de
chuvas). Como era já usual foi conduzida com grande solenidade em
procissão pelas ruas da cidade.
Acontece que
começou a chover e os cónegos da Sé do Porto
recolheram a cruz e não deixaram que a mesma voltasse à sua capela.
Instalou-se então um conflito entre o Município, que ordenou que a
imagem fosse devolvida, e o Cabido, que não mais deixou sair a
imagem da Catedral.
Esse conflito
entre vereadores e cónegos arrastou-se durante largos
anos.
Por fim, como o prelado mandou erigir no claustro da Sé um altar
para a imagem do Senhor de Além, os devotos de Gaia mandaram fazer
outra nova imagem e colocaram-na no mesmo lugar em que era venerada
a primitiva.
O novo crucifixo chegou a ser novamente conduzido por
motivo de preces em barcos até à foz do Douro, mas os Gaienses
nunca mais permitiram que ele voltasse à vizinha
cidade.
Em 1739
cinco frades carmelitas calçados fundaram junto à capela do Senhor
D'Além um hospício, que ali funcionou até 1832.
O edifício do hospício foi entretanto vendido e nele chegou a
funcionar uma fábrica de louça.
A actual capela foi edificada no lugar da antiga em 1877 e dela,
além da "Milagrosa Imagem", há que destacar a talha dourada de
grande ornamentação do altar.
Infelizmente como muito acontece neste nosso Portugal
agora tudo está em ruínas, não há santos no altar e parece haver
gente a viver no edifício contíguo à
capela.
Esperamos que tenham gostado de conhecer a
história deste tesouro abandonado e que desfrutem do local e das
vistas.
A cache:
É um
recipiente de tamanho médio que continha inicialmente
logbook,caneta,um TB e alguns itens para a troca.
Agradecemos que sejam discretos na
procura.
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