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Introdução
No âmago dos Montes Laboreiro, transpondo a portela onde foi
colocado um cruzeiro de pedra, aninhada ao fundo de uma garganta
amena, ladeada por carvalhos e castanheiros, aparece uma exígua
capela de invocação mariana – a capela da Senhora da Anamão –
apadrinhada pela sua perene vigilante, a colossal e multimilenar
fraga da Anamão. |
O Santuário
Esta capela faz parte do espólio das 10 capelas actuais de Castro
Laboreiro: a de S. Bento, em Várzea Travessa; a de S. Brás, na
Açoreira; a de S. Miguel, em Mareco; a do Senhor da Boa Morte, em
Menjoeira; a da Senhora da Boavista, nas Cainheiras; a da Senhora
dos Remédios, no Rodeiro, a da Senhora de Monserrate, nas
Coriscadas, a do Senhor do Bonfim, no Ribeiro de Cima e de Santo
António no Ribeiro de Baixo. Mas a da Anamão tem a particularidade
de estar afastada de qualquer povoado, ficando o lugar mais próximo
das Cainheiras a cerca de dois quilómetros. Esta peculiaridade, só
por si, vaticina a existência de um presumível culto pré-cristão,
espontaneamente confirmado pela vasta necrópole megalítica do
planalto. A pena da Anamão é visível, praticamente, de qualquer
ponto do planalto e a sua invulgar configuração criou – nos
especialistas que, na década de 90, realizaram trabalhos de
prospecção nesta necrópole (incompreensivelmente paralisados,
deixando tudo ao desleixo) – a suspeita de que a orientação dos
dólmenes lhe pudesse estar relacionada. Num silhar do lado sul
consta a data de 1663, memorando uma plausível reconstrução, no
âmbito das intensas escaramuças da Restauração com os Galegos.
Outra data próxima – 1690 – consta, em silhar invertido, no seu
interior. As raízes inveteradas da capela de Anamão perdem-se,
assim, na neblina fria do tempo, agasalhadas, durante séculos, numa
milagrosa aparição, que os testemunhos dos autores setecentistas e
a voz do povo se encarregaram de tornar perdurável até ao século
XXI. Não faltam, por isso, motivos para acreditar que este local
mítico tenha sido eleito para um qualquer vetusto culto
pré-cristão. A tentativa do seu extermínio, por parte da Igreja,
erigindo a capela de invocação a Nossa Senhora, não obteve um
efeito total. |
A crença
Reminiscências do paganismo estão bem latentes na tradição hodierna
de, no dia da festividade (8 de Setembro, recentemente mudada para
o primeiro domingo de Setembro), as raparigas solteiras lançarem,
com a mão esquerda, uma pedra para um buraco cavado pela natureza
num penedo, à margem do antigo caminho de acesso, a escassos metros
da capela. Esse ritual pressagiava a passagem para o estado de
casadas, ou seja, se a pedra ficasse na cavidade era sinal de que
casaria ainda esse ano, caso contrário, ficava-lhe a consolação de
tentar no ano seguinte. Ao efectuar o arremesso a donzela devia
pensar no seu pretendido; Quantas terão concretizado o seu anseio?
Com certeza, as bastantes para fazer perdurar esta fantasia até aos
nossos dias. |
A lenda
Em simultâneo com a construção do templo cristão propagou-se a
lenda de que a Santa teria sido encontrada, por algum pegureiro ou
pegureira, num buraco de um penedo (seria o do ritual?) e levada à
igreja matriz, mas que Ela sempre voltara ao sítio onde tinha sido
encontrada. Esta teima foi interpretada como vontade de que ali se
lhe levantasse a sua casa religiosa, como efectivamente veio a
realizar-se. Este milagre – semelhante a tantos outros espalhados
por esse país fora – já vem referido na Corografia do P.e Carvalho
da Costa, editada em 1706, mas com licença de 1701: “Senhora de
Anamão, imagem milagrosa que está em hum valle junto da raya metida
em huns grandes penhascos onde foy achada no buraco que a natureza
obrou em hum monstruoso penedo; dizem a trouxerão por vezes à
igreja, mas que outras tantas se tornou, causa de alli lhe fazerem
Ermida” |
O percurso
A partir do ponto N 42° 01.402 W 008° 08.504 o caminho até ao
Santuário faz-se por um estradão em terra batida. Desde este ponto
até ao Santuário são cerca de 2,5km. Dependendo da época do ano em
que realizem a "cachada" o estradão estará transitável para
viaturas 4X2… ou não! Geralmente durante o inverno o caminho
costuma degradar-se e o percurso até ao Santuário terá de ser feito
em 4X4 ou então a pé. |
A cache
O “container” é um recipiente (tupperware) hermético com dimensões
18X13X5cm, envolto em saco preto, com “stashnote” plastificada,
“logbook”, caneta/lápis “ikea” e itens para troca.
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