Na sua rotina diária, o "28" arranca e faz rumo pela rua Voz do
Operário, passando por alguns prédios burgueses dos finais de
Oitocentos. Nas imediações, divisam-se antigos palácios e a Igreja
de São Vicente de Fora, cuja construção foi iniciada em 1147, por
D. Afonso Henriques, e se prolongou até o século XVIII, quando
foram acrescentados os azulejos inspirados nas fábulas de La
Fontaine. A completar o conjunto monumental, "ex-libris" da cidade,
estão o mosteiro, que foi residência do cardeal-patriarca até 1910,
e o Panteão dos reis da dinastia de Bragança, na barroca Igreja de
Santa Engrácia, com as dezenas de sarcófagos reais, incluindo o dos
últimos monarcas portugueses, D. Carlos e o príncipe D. Luís
Filipe.
Num contraponto ao peso da história, ali mesmo no Campo de Santa
Clara, a conhecida Feira da Ladra reúne o artesanato e as
velharias, um mercado e vendedores de roupas que, às terças e aos
sábados, ocupam o local com grande alarido.
Segue-se, depois, pela Calçada de S. Vicente e por um emaranhado de
ruas estreitas, num malabarismo inacreditável, passando rente às
portas e janelas do casario, com o condutor a tilintar a campainha
a avisar algum motorista
distraído que venha em sentido contrário. À saída desse labirinto
urbano, surge na ribalta o Tejo, avistado do largo das Portas do
Sol, onde a Lisboa romana floresceu. A vista no Miradouro de Santa
Luzia estende-se sobre os telhados do bairro de Alfama - com suas
ruelas e becos, restaurantes e casas de fado - e alcança as águas
do rio num enquadramento espectacular pontuado pelo casario da
Graça, o Monte da Graça e o Castelo de São Jorge.
Uma esplanada convida à contemplação e, do outro lado da rua, está
o Palácio Azurara, sede da Fundação Espírito Santo que abriga um
museu e uma escola de artes tradicionais portuguesas. Segue a
inclinada Travessa de Santa Luzia, com lojas de artesanato e
antiguidades.
O eléctrico 28 nas ruas do bairro da Graça
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A rota alcança então a Sé Catedral de Lisboa, o marco da fundação
da cidade após a tomada aos mouros. Mandado construir por D. Afonso
Henriques, no século XII, o monumento é imponente, com suas torres
e a fachada em estilo românico. O interior revela uma planta em
cruz latina, com 60 metros de comprimento e 22 de largura, quase
uma centena de arcos românicos, rica sacristia e capelas com traços
góticos, além de elaboradas talhas, pinturas e antigas arcas
tumulares.
Logo a seguir, avista-se a igreja pombalina de Santo António da Sé,
consagrada ao santo lisboeta que ali terá nascido nos finais do
século XII, como assinala uma lápide na cripta do edifício. É no
pequeno largo fronteiriço, decorado com a estátua do santo
padroeiro da cidade, que se iniciam os cortejos populares de 13 de
Junho, seguindo pelas ruas de Alfama.
O "28" continua o seu caminho atravessando a Baixa Pombalina, o
mais emblemático traçado urbano da capital, delineado após o
terramoto de 1755 pelo Marquês de Pombal e sua equipa de
engenheiros. Num relance, é possível ver da janela do eléctrico o
perfil do Arco da Rua Augusta que se abre para a Praça do Comércio,
com sua renovada arcaria pombalina e o rio Tejo.
A subir e a descer as colinas
O eléctrico 28 na sua travessia por Lisboa, dos Prazeres à Graça,
passando pela Sé
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Tomando novo fôlego, o "28" começa a galgar mais uma colina,
passando defronte de imponentes palacetes, rumo ao renovado e
elegante bairro do Chiado. Ali ao pé está "A Brasileira", um dos
cafés mais emblemáticos de Lisboa, com o poeta Fernando Pessoa à
porta. Numa das travessas laterais, está a Ópera S. Carlos,
inaugurada em 1793, e na Rua Serpa Pinto fica o Museu do Chiado,
sediado no antigo Convento de São Francisco, com sua colecção de
pintura e escultura portuguesas. A Igreja de Nossa Sra. do Loreto,
datando do século XVI, e a Igreja Nossa Sra. da Encarnação,
inaugurada em 1708, perfilam-se a guardar o bairro do Chiado. E no
Largo de Camões a estátua do poeta maior da língua portuguesa
domina o cenário que assinala a entrada para o Bairro Alto, a meca
da vida nocturna lisboeta. O percurso continua pela Rua do Loreto,
o largo do Calhariz e a Calçada do Combro, cujas transversais abrem
caminho para o Mirante de Santa Catarina, com outra panorâmica do
rio Tejo, e o pitoresco Elevador da Bica, que sobe e desce pela
estreita fenda aberta por outro terramoto, que sacudiu a cidade em
1597. Palácios e igrejas continuam a pontuar o caminho pela Calçada
do Combro, especialmente o ex-palácio oitocentista dos Duques de
Palmela, hoje sede de uma instituição financeira, e o Palácio Teles
da Silva, ou Palácio do Correio Velho, que abriga uma casa de
leilões. A igreja paroquial de Santa Catarina, ou Igreja dos
Paulistas, ergue-se majestosa em balaústres e torres desde o século
XVII.
Miradouro de Santa Luzia e das Portas do Sol, com vista para a
Igreja de São Vicente de Fora e o Panteãol
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O caminho, de súbito, estreita-se e o "28" atravessa uma zona
modesta, com casas e comércio populares, para então alcançar o cimo
da rua de São Bento e descortinar o soberbo edifício da Assembleia
da República, antigo convento beneditino no século XVI, ex-Torre do
Tombo no século XVIII e hoje Património Nacional e sede do
Parlamento português.A
encosta que marca a Calçada da Estrela é íngreme, mas o eléctrico
segue impávido até ao Largo da Estrela, onde estão a Basílica do
Sagrado Coração de Jesus, ou Basílica da Estrela, obra erguida no
século XVIII, e o Jardim da Estrela, em estilo romântico com o seu
coreto central, alamedas, esculturas e lagos.
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Segue-se então o trajecto final do "28", passando pelas ruas
elegantes do bairro de Campo de Ourique, recheadas de edifícios do
início do século, lojas e pastelarias, dentre elas o "Canas",
cervejaria de renome no bairro. O eléctrico percorre a Rua Saraiva
de Carvalho até fazer uma paragem defronte da Igreja do Santo
Condestável, um monumento de meados do século XX.
Aproxima-se a paragem final, mesmo em frente ao cemitério dos
Prazeres, uma antiga quinta onde existe uma fonte quinhentista,
dita "fonte santa" devido à aparição da Virgem. Local de
peregrinação e festas populares até finais do século XIX, o local
foi adquirido pelo Estado e transformado em cemitério em 1840, com
urnas, pirâmides e capelas decoradas com os brasões da nobreza
portuguesa.
Eléctrico
Um clássico lisboeta
O eléctrico 28 que actualmente cobre o extenso percurso desde os
Prazeres até à Graça (e ao Martim Moniz no seu itinerário mais
longo) é o mais emblemático exemplar da rede de eléctricos da
Carris em Lisboa. Desde a inauguração da linha em 1914, restrita a
um trecho entre a Praça de Camões e a Estrela, que a sua rota já
incluía algumas das mais belas passagens da cidade.
Ao longo das primeiras décadas do século passado, o "28" foi
ampliando o seu trajecto pelas colinas de Lisboa, primeiro através
de um prolongamento até à Estrela, em 1928, quando passou a ser
conhecido com o nome de linha 28 Rossio-Estrela, e quatro anos mais
tarde com a inclusão de mais um trecho até os Prazeres. Onze anos
depois, surgia uma linha adicional, a 28 A, desde a Rua da
Conceição até os Prazeres. É somente em 1973 que o Eléctrico 28
passa a cumprir o extenso percurso até a Graça, tornando-se um dos
"ex-libris" da capital e atraindo um crescente número de turistas
encantados pela habilidades dos condutores através das curvas
apertadas e das ruas estreitas do bairro.
Em 1984, o trajecto é mais um vez aumentado, desde a Graça ao
Martim Moniz, devido à eliminação de outras linhas e ao reforço do
serviço com a linha 28 B, que fazia a rota Martim Moniz-Rua da
Conceição, que mais tarde foi também prolongada até à Estrela.
Cinco anos mais tarde é inaugurada a raquete na Praça de Camões, um
tipo de términos circular onde o eléctrico não necessita de
executar a manobra de inversão de
marcha, que também viria a ser instalada na Estrela e nos Prazeres,
na Praça S. João Bosco.
Assim, os típicos carros bidirecionais da série "700", com potência
de 90 cavalos (dois motores de 45 cavalos), travões manuais a ar
comprimido, electromagnético e electropneumático, fabricados por
Leito Maley & Taunton, continuam a circular pelas colinas de
Lisboa, com a inconfundível pintura amarela e o constante tilintar
da campainha.
Um verdadeiro eléctrico do desejo, o "28", mais do que um simples
meio de transporte, é uma forma original de passear por Lisboa e
conhecer a sua história. Até para quem aqui vive.
Informações úteis
Transporte
O eléctrico 28 realiza o percurso Campo de Ourique/Prazeres -
Martim Moniz e em alguns horários apenas entre a Graça e os
Prazeres (o itinerário de maior interesse e beleza), em intervalos
de aproximadamente 15 minutos. Um bilhete normal da Carris custa
€ 1; Para quem pretende entrar e sair várias vezes do
eléctrico é conveniente comprar um bilhete de um dia, que
custa
€ 2,75. Fora das carreiras regulares, a Carris oferece ainda
dois serviços de "Eléctricos de Turismo" através das zonas
históricas da cidade (Alfama, Graça, Baixa, Estrela, Sétima Colina,
Belém) em eléctricos do século XIX restaurados. São circuitos de
1h30 por bairros tradicionais, com início na Praça do Comércio, num
eléctrico do início do século e com uma guia intérprete a
acompanhá-lo. Preços: €16 (adulto); €8 (crianças 4-10
anos).
A visitar
Entre os vários monumentos/atracções emblemáticas de Lisboa que
pode visitar quando realizar um percurso a bordo do eléctrico 28
destacam-se: o Panteão Nacional (Campo de Santa Clara, Tel. 21 885
48 20. Aberto de terça a domingo, das 10 às 17h); a Igreja e
Mosteiro de São Vicente de Fora (Largo de São Vicente, Tel. 21 882
44 00. Aberto de terça a sexta, das 9 às 18h; sábado, das 9 às 19h;
e domingo, das 9 às 12h30 e das 15 às 17h); a Feira da Ladra, no
Campo de Santa Clara, realiza-se todas as terças e sábados); a Sé
Catedral de Lisboa (Largo da Sé, Tel.: 21 886 67 52. Aberta aos
domingos, segundas e feriados das 9 às 17h; De terça a sábado, das
9 às 19h); e a Basílica da Estrela (Largo da Estrela, Tel.: 21 396
09 15; Aberta todos os dias das 8 às 13h e das 15 às 20h). A não
perder também o Miradouro de Santa Luzia (Largo de Santa Luzia/Rua
do Limoeiro), o Miradouro de Santa Catarina (Rua de Santa Catarina
ao Calhariz) e o Jardim da Estrela. Destaque ainda para a visita à
Fundação Ricardo Espírito Santo (Largo das Portas do Sol, 2, Tel:
21 888 19 91; Aberto de terça a domingo das 10h00 às 17h00.
Entrada: € 5. Visitas guiadas por marcação) e ao Museu do
Chiado (Rua Serpa Pinto, 4-6, Tel: 21 301 16 75. Aberto de quarta a
domingo, das 10 às 18h; terça, das 14 às 18h. Entrada: €
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Fonte: Rotas & Destinos
A Cache
A
cache está escondida nas imediações do Cemitério dos Prazeres,
início/términus da carreira 28. É a primeira de uma série, feita em
parceria com o Bargão Henriques. A ideia é dele!
A cache é Traditional. Um container Nano. Pelo menos, não tem
gaitinhas...
A cache encontra-se em lugar seguro, acessível em cadeira de rodas,
mas prestem muita atenção ao trânsito ao atravessar a estrada,
porque as ruas adjacentes são muito movimentadas. Atravesse SEMPRE
na passadeira. Não queremos Geocachers Temporariamente Desactivados
ou mesmo Arquivados.
The
Hunt
The cache is
hidden near the Prazeres Graveyard, where the 28 tram begins and
ends it’s journey. It’s the first of a saga co-created
by Bargão Henriques who had the idea. It’s a Traditional Nano
cache. At least it doesn’t have
blowthingies…
The
cache is hidden in a safe place, accessible in a wheelchair, but
pay attention to the traffic when cross the street, it’s
quite busy. Use ALWAYS the pedestrian cross. We don’t want
Geocachers Temporarily Disabled or even Archived. |