Patrão Lopes
Joaquim Lopes nasceu em Olhão no ano de 1798. Aos 10 anos já andava no mar. Mais tarde embarcará para Gibraltar, de onde regressou aos 21 anos, instalando-se em Paço de Arcos, onde já viviam muitos algarvios. Para essa terra veio exercer a profissão de pescador, sendo muito estimado e admirado pela sua coragem.
O seu primeiro acto de heroísmo aconteceu em Oeiras, resgatando do mar um homem e o seu filho. Ambos teriam morrido se não fosse a rápida intervenção de Joaquim Lopes. Chegado a terra foi felicitado pela sua coragem. Tempos depois estava ele no farol do Bugio, quando um cabo de artilharia foi arrastado pelo mar. Joaquim Lopes pediu aos companheiros para segurarem na ponta de um cabo, lançou-se à água e recolheu o homem que estava a ser atirado contra os rochedos. Em 1828 salvou do mesmo modo o Sargento Francisco Sales.
Embora fosse o remador mais jovem, subiu ao cargo de Patrão da Falua do Bugio em 1833. Os salvamentos que efectuou não têm conta, sempre com elevado risco de vida.
Em 1856, numa noite de tempestade, acordou com os tiros de alarme do Bugio e de S. Julião - algo se passava no seu mar. Joaquim Lopes, o seu filho Quirino e alguns voluntários, lançaram-se ao mar e enfrentaram a tormenta. Uma embarcação inglesa, "Howard Primorose", encalhara no Bugio ficando à mercê de um mar revolto. Depois de várias horas de luta com as ondas, chegaram aos destroços, de onde salvam 5 marinheiros e o Capitão. Mais tarde foram agraciados pelo governo Inglês com a medalha de prata da Rainha Vitória, tendo Joaquim Lopes sido também condecorado pelo governo português. A França concedeu-lhe a medalha de "Dedicação e Mérito" por ter salvo parte da tripulação do "Esthefanie", que se afundara no Bugio.
Em 1859 um barco salva-vidas é colocado em Paço de Arcos sob as ordens do Patrão. Pelo salvamento do espanhol Achiles foi concedida a medalha de ouro de "Distinção Humanitária" pelo governo espanhol. Tempos depois salvam toda a tripulação do iate português Almirante. El Rei D. Luís reconheceu o seu valor e coloca-lhe sobre os ombros o colar de "Oficial de Torre e Espada", Joaquim Lopes comovido chora nos braços do Rei.
Aos 84 anos já não ia tanto ao mar, sendo o seu filho, Quirino, que o substitui a bordo do salva-vidas.
O Patrão tinha 92 anos quando a Inglaterra apresentou o ultimato a Portugal. Joaquim Lopes foi o primeiro a devolver as condecorações e obriga os filhos a seguirem o seu exemplo. A morte aconteceu no ano de 1890. Em Paço de Arcos reuniram-se quatro barcos que fizeram escolta ao salva-vidas, onde foi transportado o corpo de Joaquim Lopes. Este foi a sepultar no cemitério dos Prazeres. Mais tarde foi transladado para o cemitério de Oeiras, onde foi erguido um mausoléu em sua honra.
No Jardim Municipal de Paço de Arcos, onde existe um monumento em sua memória, pode ler-se:
"Ganhou (os que traz ao peito) hábitos e medalhas, nunca matando irmãos mas a rasgar mortalhas"
Nota 1: É preciso material de escrita
Nota 2: Não é necessário mexer nas flores para encontrar o container