Cidade portuguesa do distrito e diocese de Santarém, com 9.632 habitantes (dados de 1987). Sede de concelho e de comarca. Sobranceira ao Tejo foi conquistada aos mouros em 1148; recebeu foral em 1179 e a categoria de cidade em 16-3-1916. Formado por 15 freguesias, o concelho tem 47.501 habitantes (dados de 1987); zona agrícola, possui lagares de azeite, indústria de moagem e metalurgia.
O concelho de Abrantes remonta aos primórdios da monarquia portuguesa. O seu foral, datado de 1179, segue o modelo dos chamados "concelhos perfeitos", cuja organização se inicia no preciso momento em que são chamados os colonos a povoá-la. O regime administrativo, a organização municipal e a distribuição geográfica da população obedecem, nestes casos, a um modelo, o modelo das terras despovoadas. Em 1173 esta região e o seu castelo foram doados à Ordem de Santiago de Espada.
A sua situação geográfica parece ter contribuído bastante para a colonização: "Zona de permanentes conflitos, a que a reconquista veio pôr ‘ponto final’, a colonização do monte abrantino foi facilitada pela situação geográfica do mesmo monte, situado a norte do Tejo, que lhe servia de fronteira natural e o protegia de previsíveis incursões almohadas; Tejo que era ainda importante fonte de riqueza (água, pesca, ouro, navegação, etc.), monte situado numa zona de confluência e transição de regiões, encruzilhada nos percursos entre o sul e o norte, a salvo de cheias, de nevoeiros persistentes, lavado de bons ares, tudo isto foram condições que, no nosso entender, conferiram ao local as condições necessárias à atracção de colonos, colonização que, aliás, não nos parece ter sido fácil (...)." (l)
Da história de Abrantes salientam-se alguns factos decisivos: "Afonso II restaurou os meios de defesa de Abrantes e, segundo a tradição, mandou edificar a Igreja de Stª Maria do Castelo. Em 24 de Abril de 1281, D. Dinis concedeu o senhorio de Abrantes à Rainha Isabel (...).
D.Afonso IV sujeitou todo o termo de Abrantes à Ordem de Malta e D.Fernando, em 1327, doou o senhorio de Abrantes a D.Leonor Teles. Partidários do Mestre de Avis, os Abrantinos foram dos primeiros a secundar o movimento de Lisboa de 1383 destacando-se, entre estes, Fernando Álvares de Almeida, progenitor da Casa de Abrantes.
D.Manuel, que aqui permaneceu durante muito tempo, concedeu novo foral (l5l8) e aqui nasceram os Infantes D. Fernando e D.Luís, seus filhos. D.João III confirmou antigos privilégios aos Abrantinos.
No séc.XVI, Abrantes e o seu termo era uma das maiores e mais populosas terras do reino: tinha 3.436 habitantes, e dentro dos seus muros existiam 4 conventos de Ordens Religiosas e 13 Igrejas e Capelas. (... ) Em 1581, na sua deslocarão para Tomar, Filipe II de Espanha esteve em Abrantes alguns dias, e do reinado do seu sucessor data a reconstrução dos Paços Municipais de Abrantes. Em 1640, reivindicando já o título de Notável, foi uma das primeiras terras do reino a aclamar D.João IV. Dos séculos XVII e XVIII por diante, assume papel de primordial importância do ponto de vista militar, sendo por 2 vezes classificada Praça de Guerra de 1ª Ordem, tendo em 1807 servido a Junot de ponto de concentração das suas tropas para a investida sobre Lisboa. Durante o reinado de D. José foi criada em Abrantes uma indústria de fiação de sedas que, ainda próspera em 1800, se designava por Academia Tubuciana.
Em 1820 Abrantes apoiou a Revolução Liberal e festejou entusiasticamente a Constituição de 1822. D. Miguel, porém, encontrou entre os abrantinos leais partidários da sua causa, mas não consta a existência de qualquer movimento local aquando da Vilafrancada.
(... ) Em Novembro de 1862 foi inaugurado o troço ferroviário de Santarém a Abrantes e, em Março de 1868, foi adjudicada a construção da ponte rodoviária entre Abrantes e Rossio ao Sul do Tejo, e estes dois acontecimentos estiveram na base do progressivo desenvolvimento regional. Activo centro republicano, Abrantes foi local de reuniões preparatórias do 5 de Outubro de 1910, o que de alguma forma contribuiu para a sua elevação a cidade em 1916. Aderiu inequivocamente ao Movimento do 25 de Abril de 1974 e, no 12 de Maio desse ano, realizou-se a maior manifestação de solidariedade social jamais aqui ocorrida.(...)." (2)
(1) Campos, Eduardo Manuel Tavares - "Notas Históricas sobre a Fundação de Abrantes", Câmara Municipal de Abrantes, 1984, pág. 5
(2) C.M. Abrantes - "Notas sobre História de Abrantes", Câmara Municipal de Abrantes
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