Roda de Navalhas
por DanSallves
[PT]
A Rua das Flores é das ruas mais
antigas da Invicta que mantém ainda hoje grande parte do seu traço
original. Foi mandada construir por D. Manuel I, no início do
século XVI, com o intuito de ligar ao Largo de S. Domingos a uma
das portas da muralha fernandina que circundava a cidade: a Porta
de Carros. O nome da rua provém das populosas hortas, recheadas de
flores, que existiam nas propriedades por onde a rua fora aberta;
essas propriedades pertenciam, essencialmente, ao bispo portuense
de então: D. Pedro da Costa, cuja tamanha devoção por Santa
Catarina do Monte Sinai fizera adoptara Roda de Navalhas como seu
brasão de armas e nomear a rua como Rua de SantaCatarina das
Flores.
Santa Catarina do Monte Sinai , ou
Santa Catarina de Alexandria, nascera no Egipto e viveu durante o
século IV. Converteu-se ao cristianismo e converteu muitos outros,
tal era o seu poder de argumentação e clareza de raciocínio –
sendo hoje padroeira dos estudantes, professores e filósofos. Foi
condenada à tortura pelo imperador romano Maximino - pois apesar
desta estar encarcerada não parava de converter ao cristianismo
qualquer pessoa que falasse com ela, sendo utilizado um método de
morte lento chamado «Roda de Navalhas» que mutilava o torturado
lentamente até se esvair em sangue e, por fim, morrer. Reza a lenda
que a meio da tortura a roda explodiu e Catarina sobreviveu.
Maximino ordenou a sua decapitação, tendo sido Catarina confortada
pelo Arcanjo Miguel momentos antes de sua morte.
Como, após a abertura da rua, os
edifícios continuaram a pertencer ao Bispo e ao Cabido do Porto,
marcaram as suas fachadas com os seus símbolos, respectivamente, a
Roda de Navalhas e afigura do Arcanjo S. Miguel. Alguns destes
símbolos ainda subsistem nas fachadas podendo ser facilmente
observados na rua. Na margem norte da rua, abriram bastantes
ourives, enquanto que, no lado sul, várias casas dedicadas ao
comércio de tecidos. No final do século, era já uma das ruas mais
movimentadas do Porto, sendo cobiçada por vários notáveis da
cidade. Foram edificados na rua várias casas, de traços únicos e
muito belos, num jogo de brasões e fachadas que tornaram «;as
Flores» num passeio alegre prazenteiro à vista.
A Casa dos Sousa e Silva é um bom
exemplo disso mesmo, construída no século XVIII, com o brasão da
família no primeiro andar; possuía uma capela privativa da qual
hoje só sobra a cruz de pedra e a sineira de ferro. Quando estiver
à procura da cache, tente descobrir estes vestígios!
A Casa da Companhia fora a antiga
residência da companhia vinhateira Real Companhia Velha em tempos
do monopólio pombalino do comércio do vinho do Porto. Foi alvo de
grande contestação por parte dos taberneiros da Invicta, sendo um
local recheados de histórias, de papos e sulcos da inconstante
boémia tripeira. Hoje, esta aqui instalada a Fundação da Juventude
que promove quer a formação de jovens em diversos ramos
profissionais quer a expressão artística e cultural, funcionando
como galeria.
A Casa dos Maias foi edificada no
século XVI e foi sendo, progressivamente, modificada por vários
artistas, entre os quais, o mestre, mais portuense que toscano,
Nicolau Nasoni. O edifício encontra-se fechado para restauro não
podendo ser comprovado a beleza dos seus salões finamente decorados
nem a Fonte do Golfinho que guarda nas suas traseiras. Na sua
fachada, podem ser visto dois brasões que representam as armas dos
Bravo e Ferraz – inicial proprietário da casa.
A rematar a rua existe a Santa
Casa e a Igreja da Misericórdia, um magnífico exemplo do barroco
portuense desenhado por Nasoni. Os dois edifícios guardam
ostentosos tesouros, arrecadados ao longo dos séculos, quer pelas
mais refinadas peças de ourivesaria quer pelas magnificas pinturas
que possui, dentre as quais o valiosíssimo Fons Vitae – umas
das peças mais belas e enigmáticas da arte gótica do mundo.
Na rua podem ainda ser visitadas
várias lojas típicas do século XIX português, desde retrosarias a
tabernas, alfarrabista e lojas de artesanato. Espante-se com as
belíssimas fachadas de um comércio que não estamos habituados a
ver. Espante-se com a enorme amabilidade das pessoas que conversam
aos berros pelas ruas. Espante-se com um Porto que, apesar de velho
e degradado, faz sorrir quem lhe entende os mistérios.
Bibliografia:
Rua
das Flores na FLUP
Catarina de
Alexandira
CARVALHO, Luís de - Porto Património mundial. O Comércio do
Porto, 1999
A CACHE:
O container não se encontra nas
coordenadas indicadas. Para descobrir as coordenadas correctas terá
que percorrer a Rua das Flores e procurar nas fachadas das casas os
símbolos do Cabido e da Mitra portuenses. Seja o mais discreto
possível e tente deixar o container tal como encontrou. Traga
qualquer coisa para escrever.
A – Nº de Rodas de Navalhas
B – Nº de figuras do Arcanjo S. Miguel
Coordenadas Finais:
N 41 8.(56+A)7
W 008 36.(80+B)5
[EN]
Rua das Flores (the Flowers Street)
is one of the oldest streets of Oporto still maintaining much of
its outline. It was built during the reign of D. Manuel I in the
early sixteenth century, in order to connect the Largo de S.
Domingos with one of the gates of the wall that surrounded the
city. The name of the street comes from the crowded gardens, filled
with flowers, which existed in the properties where the road had
been opened, these properties belonged mainly to the Oporto’s
Bishop: D. Pedro Costa, whose devotion to St. Catherine of the
Wheel had taken the breaking wheel as their coat of arms and name
the streets as Rua de Santa Catarina das Flores.
St. Catherine of the Wheel, or St.
Catherine of Alexandria ,was born in Egypt and lived during the
fourth century. She converted herself to Christianity and converted
many others, such was his power of argument and clarity of thought
– she’s nowadays the patron saint of students, teachers
and philosophers. She was sentenced to torture by the Roman emperor
Maximinus - despite being incarcerated, she didn’t stop
converting to Christianity anyone who spoke with her - and used a
slow death called "Breaking Wheel", which mutilate the tortured
slowly to fade into blood and eventually die. Legend says that the
breaking wheel exploded during the torture procedure and Catherine
survived. Maximinus ordered her beheaded, and she was comforted by
the Archangel Michael Catherine moments before her death.
After opening the street, the
buildings continued to belong to the Bishop of Porto and the
Cabido, their buildings were marked with their symbols,
respectively, the Breaking Wheel and the figure of the Archangel
St. Miguel. Some of these symbols remain in the facades and can be
easily seen on the street. On the north bank of the street, opened
many goldsmiths, while the south side, several houses dedicated to
the cloth trade. At the end of the century, was already one of the
busiest streets of Porto, is coveted by many notables of the city.
Were built in the street several houses, very beautiful and unique
traits, in a game of coats and facades that make "Flores" in a
brisk walk leisurely sight.
The Casa dos Sousa e Silva is a
good example, built in the eighteenth century, with the family
crest on the first floor, had a private chapel which now remains
only the cross of stone and iron bell. When looking for the cache,
try to find these traces!
The Casa da Companhia was the
former home of the vineyard company Real Companhia Velha during the
Pombal’s port wine trade monopoly. Was the target of great
opposition by tavern keepers of the city, and a place filled with
stories, chats and furrows of shifting bohemian city inhabitants.
Today, a youth foundation is installed here, which promotes both
the formation of young people in various professions or the
artistic and cultural expression, working as a gallery.
The Casa dos Maias was built in
the sixteenth century and was being gradually modified by several
artists, including the master Nicolau Nasoni. The building is
closed for restoration and can not be proved the beauty of its
finely furnished rooms or the Fountain of the Dolphin who keeps in
its backyard. In its facade can be seen two coats of arms
representing the Bravo and Ferraz - original owner of the
house.
At one street’s ends,
there’s the Santa Casa da Misericórdia and the Igreja da
Misericórdia, a magnificent example of the Baroque Oporto designed
by Nasoni. The two buildings hold glitzy treasures, collected over
the centuries, whether by the finest pieces of gold-art either by
the magnificent paintings that owns, among which the most valuable
Fons Vitae - one of the most beautiful and enigmatic pieces of
gothic art in the world.
On the street you can still visit
several typical shops of the Portuguese nineteenth-century, since
haberdasher to the taverns, bookstore and craft shops. Amaze
yourself with the beautiful face of a trade that we are not
accustomed to seeing. Amaze yourself with the sheer kindness of
people who talk through the streets shouting. Amaze yourself with
an Oporto that, although old and dilapidated, it makes smile who
does understand its mysteries.
The CACHE:
The container is not at the given
coordinates. To find the correct coordinates you must walk along
the street and look, at the facades of the houses, for the symbols
of the Oporto’s Cabido and Bishop. Be as unobtrusive as
possible and try to leave the container as found. Bring your own
pen.
A – No. of Wheels Knives
B – No. of figures of the Archangel St. Miguel
Final coordinates:
N 41 8. (56+A)7
W 008 36. (80+B)5