Parque Natural da Serra D'Aire e Candeeiros
O facto de conhecer bem esta zona do PNSAC
através, do serviço de voluntariado (marcação de percursos
pedestres), do Curso de iniciação à Espeleologia, de gostar de
estar em contacto com a natureza e de ter trabalhado durante dois
anos nesta zona, fez com que tivesse muito empenho na colocação
desta cache. Esta cache é a primeira fase de um projecto de
divulgação deste parque, ou seja, pretendo com esta primeira cache
dar a conhecer um pouco do PNSAC nomeadamente no que diz respeito á
flora.
Com uma área aproximada de 35000ha, o PNSAC
caracteriza-se por constituir uma peculiar transição entre as
condições mediterrâneas e atlânticas e situa-se, quase na
totalidade, na zona edafoclimática calcomediterrânea, sendo por
isso um clima húmido (de quedas pluviométricas que mais parecem as
do Norte do país), de temperaturas médias e com grande deficiência
de água no Verão. Foi em 1949 que o célebre geógrafo português
Fernando Martins, "inventou" e "definiu" a sua identidade: "assim
tão diferenciado das regiões confinantes (...), pelas formações
geológicas, pela carência (...) e escassez de pontos de água, e
reforçada ainda a sua fisionomia particular pelo típico
revestimento vegetal, a individualidade do Maciço Calcário
Estremenho não pode oferecer dúvidas".
O Maciço Calcário Estremenho foi durante
longos séculos uma área adversa à fixação humana em resultado da
ausência de água à superfície, à agressividade dos calcários, à
quase ausência de solos agrícolas, aos acentuados declives e à
dificuldade de acessos, .. um território marginalizado como ilustra
Orlando Ribeiro ".. a presença de grandes maciços calcários domina
a paisagem da Estremadura Central e constitui um dos mais vigorosos
elementos da sua originalidade... constituem um inóspito, onde as
casas das aldeias e lugarejos recolhem a água das chuvas em
cisternas e as culturas, durante o verão, contam apenas como
orvalho e as brumas oceânicas. Durante muito tempo domínio de
pastores e carvoeiros, aproveitando a argila empobrecida das
depressões cársicas ao estrume das ovelhas e das cabras, protegendo
os campinhos dos gados com paredes espessas como muralhas de
defesa, onde se arruma a pedra removida para aproveitar a terra,
foram, no princípio do século (XX), cobertos de um ponteado de
oliveiras..."
Hoje o Maciço Calcário Estremenho é um
território olhado de maneira diferente nos recursos que encerra, na
riqueza que significa e nas potencialidades de desenvolvimento que
oferece. Os recursos naturais são duma importância extraordinária
ao nível da paisagem, da geologia, da diversidade biológica, dos
recuros hídricos... e devem ser harmonizados na sua conservação
económica, quer sejam actividades aparentemente compatíveis com o
turismo de natureza, quer outras com impacte flagrante como a
exploração de inertes ou a actividade pecuária. Estes desafios têm
de ser agarrados por todos os agentes em torno do PNSAC, ...
entidade a quem felizmente incube a maior responsabilidade na
garantia de promoção dum desenvolvimento sustentável que honre este
ex-libris que é Fernando Martins, de Orlando Ribeiro, mas também de
nós todos cidadãos deste Planeta...
A dissolução dos calcários, provocada pela
infiltração das águas das chuvas através de fendas existentes na
rocha, imprime à paisagem um cunho particular, designado por
modelado cársico. A presença de maior ou menor quantidade de
substâncias pouco solúveis (dolomite, minerais de argila, óxidos),
aliados à existência de estruturas tectónicas, à topografia e à
cobertura vegetal, são factores que condicionam o processo de
carcificação. Daqui resultam aspectos característicos das regiões
calcárias, tais como: Dolinas que são depressões de forma
grosseiramente circular e de fundo preenchido por sedimentos, que
podem ou não estar associadas a um algar, Uvalas e Polje que é uma
depressão de fundo plano, que pode atingir vastas extensões,
caracterizado pelo seu funcionamento hifrológico, em regra
associado à existência de cursos de água temporários que têm origem
em "exsurgências" na sua periferia e terminam em sumidouros e
afloramentos marcados por sulcos mais ou menos profundos e
estreitos (campo de lapiás) e cavidades substerrâneas (grutas e
algares). Um exemplo de carcificação é a Fórnea, estrutura em
anfiteatro com cerca de 500 metros de diâmetro e 250 metros de
altura, que corresponde à cabeceira encaixada do ribeiro da Fórnea
escavado em calcários margosos e margas do Jurássico inferior a que
se sobrepõem os calcários do Jurássico Médio. Os canhões cársicos
são gargantas profundas, talhadas na rocha por cursos de água, cuja
origem é, de uma forma geral, externa ao carso (ex: ribeira dos
Amiais) e que, por mecanismo de dissolução, vão afundar o seu
leito.
O Parque Natural da Serra D'Aire e Candeeiros,
parte substancial do Sítio da Rede Natura Serras de Aire e
Candeeiros, forma com outros dois Sítios da Rede Natura: Serra de
Montejunto e Sicó - Alvaiázere, o conjunto montanhoso calcário
biogeograficamente mais homogéneo do território português. Com um
mosaico de vegetação onde predominam diversos tipos de matagais,
que constituem as etapas de degradação de três diferentes situações
de clímax: bosques de carvalho-cerquinho, azinhais e sobreirais, a
aparente monotonia do coberto vegetal, observada de perto, revela
uma riqueza surpreendente. No caso particular do PNSAC, a
biodiversidade é notável. Nalguns tipos de vegetação, aqueles que
ocupam grande parte da superfície deste parque, uma análise cuidada
permite identificar, num metro quadrado de solo, durante um ciclo
vegetativo anual, várias dezenas de espécies vegetais. É difícil
que neste nível de diversidade florística se repita noutra parte do
país, fora do enquadramento biogeográfico referido.
O inventário da flora do Parque confirma a
ocorrência de quinhentas e setenta espécies de plantas vasculares e
cento e setenta briófitos. Um quinto da flora vascular de Portugal
Continental e metade da flora briológica, estão aqui representados.
Este fenómeno excepcional de diversidade é a resposta florística a
condições também muito diversificadas do meio que, mais uma vez,
são quase exclusivas desta região. Da conjugação da natureza
litológica sedimentar oferecida pelo calcário; com a amplitude
altitudinal de cerca de 500 m; a riqueza de fenómenos
geomorfológicos cársicos; e o mosaico microclimático proporcionado
pela orografia; resulta uma oferta variada de condições ecológicas
das quais as plantas usufruem vantajosamente. Por outro lado a
ocupação humana, e as actividades exercidas de forma continuada,
mas suave: dispersas homogeneamente pelo espaço e tempo, são
facetas de uma diversidade cultural do passado recente, que deram
também um contributo importante. A combinação das duas
diversidades; a diversidade de habitats e a diversidade cultural;
incrementou no PNSAC um património natural invejável: a sua
diversidade florística.
O coberto vegetal original do Maciço Calcário
seria dominado pelo carvalho-cerquinho (Quercus faginea) espalhado
pelos vales e sopés das encostas mais frescas e de que restam
pequenas manchas, substituído pela Azinheira (Quercus rotundifolia)
à medida que se progride em altitude. O carvalho-negral que ocorre
numa situação climática desfavorável e subsiste instalado sobre
solos siliciosos, usufrui de uma dequada disponibilidade hídrica
freática. Esta árvore. rara na região, convive aqui com o
carvalho-cerquinho. Os matagais, sob a designação corrente de
"matos", que albergam todo um cortejo de palntas, de altura,
densidade e composição variados, são formações vegetais que
caracterizam grande parte da paisagem actual. Nestes têm destaque
algumas espécies de valor aromático e medicinal e outras, como o
carrasco (Quercus coccifera), o alecrim (Rosmarinus officinalis) e
o medronheiro (Arbutus unedo).
O grosso das disposições legais de protecção
directa a espécies da flora portuguesa com incidência no Parque,
resulta da transposição para o direito interno de convenções
internacionais ou directivas comunitárias. De um grupo de quarenta
plantas com estatuto legal de protecção, apenas duas são protegidas
por legislação produzida em instâncias nacionais. O facto apontado
serve para ilustrar a ausência de iniciativa endógena à protecção
do nosso valioso património genético vegetal. Ocorrem no PNSAC sete
espécies vegetais inscritas no Anexo B II, alínea b, do Decreto-Lei
nº 140/99 de 24 de Abril. São elas: "Arabis sadina", "Euphorbia
transtagana", "Iberis procumbens", "Juncus valvatus", "Narcissus
calcicola", "Pseudarrhenaterum pallens" e "Silene longicilia".
Fotografias e textos retirados de:
Livro "25 anos do PNSAC", gentilmente
oferecido pelo Paulo Lucas (Pegadas dos Dinossauros); Livro
"Plantas a Proteger do PNSAC" de António Flor ; Instituto de
Conservação da natureza: www.icn.pt; Região de Turismo de Turismo
Leiria Fátima: www.rt-leiriafatima.pt; Site de fotografias:
marco.photobook.org.uk/c480832.html
Localização
Para chegarem à cache vindo de Lisboa ou do Porto na A1 devem
sair em Fátima ou em Torres Novas mas esta última parece-me mais
complicado. Saindo em Fátima logo a seguir à portagem viram á
direita, seguem sempre em frente até que chegam a uma rotunda, aí
seguem a indicação: Torres Novas e Minde (é logo a primeira saída,
quando entram na rotunda). Pouco depois de passarem uns semáforos
encontram outra rotunda, viram á esquerda na direcção de Torres
Novas. Seguem por umas grandes rectas, com a Serra de Aire do vosso
lado direito até uma povoação de nome: Bairro. Passam umas bombas
de gasolina e logo a seguir têm uns semaforos, aí cortam para a
direita e seguem a direcção do estacionamento em N 39º 34.120 - W
8º 36.365
Cache
Esta é uma multi-cache com o objectivo de dar a conhecer uma
pequena parte do PNSAC, nomeadamente no que toca à diversidade de
vegetação. A maioria do percurso da caçada está integrado num
percurso pedestre (marcas amarelas e vermelhas), sendo que só
apartir da última coordenada até á cache final é que já não faz
parte do percurso, por isso pode ser feito a pé ou bicicleta.
Aconselho: a levar um pedaço de corda de 8m que pode ser útil e a
não fazerem esta cache sozinhos porque senão o nível sobe
significativamente (a altura conta!). Podem levar as crianças desde
que não precisem de carrinho, pois o terreno não é direito... A
cache final é um tupperware e tem os itens normais e as predinhas
do costume.
Outros Pontos de interesse: Pegadas dos Dinossauros (fica
muito perto do cache)
Cache:
Monumento Natural das Pegadas dos Dinossauros
Parque de Merendas: N 39º 34.814 - W 8º 35.057
Aeroclube Pias Longas: N 39º 35.244 - W 8º 34.709
Quercus lusitanica