O cavalo-marinho é um dos peixes mais enigmáticos. São-lhe atribuídas propriedades farmacológicas, que motivam a captura ilegal. Em Portugal, vive uma das maiores colónias do mundo.
Os cavalos-marinhos pertencem à mesma família dos dragões-marinhos e das marinhas. A designação do género Hippocampus, ao qual pertencem as 37 espécies conhecidas de cavalos-marinhos, deriva do grego Hippos (cavalo) e Kampi (monstro marinho). Trata-se da adopção literal do nome da criatura da mitologia grega Hipocampo, descrita por Homero como um monstro marinho dotado de patas dianteiras de cavalo e uma cauda de peixe, que Posídon, deus dos cavalos e do mar, utilizaria para se deslocar sobre a superfície dos oceanos.Nos últimos seis anos, os mais de 18 mil hectares de sapal, canais e ilhotas protegidas do oceano Atlântico por ilhas-barreira arenosas, que compõem o sistema lagunar da ria Formosa, têm funcionado como um “laboratório vivo”, permitindo realizar os primeiros estudos sobre reprodução, sobrevivência, crescimento e movimento das únicas duas espécies de cavalos-marinhos do Mediterrâneo e do Atlântico. O projecto já conta com um membro efectivo da organização em Portugal, o doutorando do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, Miguel Correia, que tem dado continuidade ao trabalho de investigação iniciado por Janelle Curtis.
Embora a espécie H. guttulatus, que pode medir mais de 20cm, seja dez vezes mais abundante do que o pequeno H. hippocampus, apenas olhos experientes conseguem distingui-las. Miguel Correia é um desses peritos. “O segredo está na forma da sua cabeça”, explica. Apesar de a cor variar entre o castanho, o amarelo, o verde e o vermelho, eles possuem ainda a capacidade de adaptar o seu tom ao do meio circundante. Os machos tornam-se muitas vezes quase brancos na altura da reprodução, época em que podem ser vistos a nadar lado a lado com a cauda entrelaçada com a da fêmea.