ASSOCIAÇÃO RECREATIVA CUMEIRENSE:
ORIGEM E PERCURSO
Em meados da década de 60 a aldeia da Cumeira tinha apenas três ou quatro televisores particulares e nenhum local público de reunião ou diversão. Este facto, aliado a outras necessidades sentidas pelos jovens locais, levou um pequeno grupo deles a quotizarem-se com 2$50 semanais para a compra dum equipamento de futebol, que acabaram por adquirir por 1750$00, sendo composto apenas por calção preto e camisola amarela.
Jogavam com o calçado e meias que cada um podia ter.
Praticavam futebol nos campos de Aljubarrota, Juncal e Cruz da Légua.
Em 1965, Manuel Coelho Luís cedeu--lhes um terreno agrícola – nas traseiras da capela - para as jogatanas. Nesse mesmo ano estabeleceu-se a
sede no edificio sito no atual n.° 88 da Rua Principal. Em 1966, o sócio n.º1, Guilhermino Coelho Silvério, ensaia uma tentativa de terraplanagem de terrenos no sítio de Figueira Regalo, junto à povoação da Boieira, com o objetivo de ali construir o campo de jogos. Esta gorada iniciativa teve o
mérito de sensibilizar o então presidente da Junta do Juncal, o colaborador e comendador, Sr. Coelho da Silva, para iniciar os contactos com vários proprietários 15 de pequenos espaços anexos aos terrenos da escola primária
da Cumeira, de modo a aumentar a área disponível para a prática desportiva. Em dezembro de 1969 inaugura-se o campo que foi batizado com o nome do então Presidente da Câmara Municipal, Dr. Licínio Moreira da Silva. O jogo inaugural foi disputado entre a Associação Recreativa
Cumeirense e a União Operária Juncalense. O resultado foi um empate a uma bola sendo o golo cumeirense marcado por José Ferreira Almeida, de livre direto. O guarda-redes do Juncal era o José Menino.
Em 1970 muda-se a sede para o atual número 103 da mesma Rua Principal. Em 1972, a associação constrói uma sede própria junto ao campo de jogos - que ainda hoje perdura, embora com sucessivos melhoramentos.
A sede da ARC No início de 1973, começaram a elaborar-se os estatutos. Convém aqui lembrar os mais velhos e informar os mais novos que em 1973, quando se começaram a elaborar os estatutos da Associação, um organismo oficial do poder de então dava diretivas às associações congéneres, acerca do modo como deveriam abster-se em questões políticas. Nesse sentido e para colher informações mais concretas, desloquei-me à Avenida Infante Santo, em Lisboa, onde me esclareceram acerca das linhas mestras pelas quais a ARC deveria pautar a sua conduta. Em setembro de 1974, entreguei uma cópia dos estatutos no Cartório Notarial de Porto de Mós a fim de se fazer a respetiva escritura. O funcionário esclareceu-me que parte da redação daquele documento deveria ser alterada porque a Revolução em curso já tinha criado as condições que permitiam a utilização das instalações das associações para reuniões políticas, ao contrário da prática até ali e que, por determinação superior, estava expresso naquelas páginas. Tive que refazer tudo mas foi por uma boa causa. Os estatutos foram então constituidos por escritura pública em Porto de Mós no dia 2 de maio de 1975, tendo sido publicados no Diário do Governo – III série em 27 de maio de 1975. Para a ARC adquirir personalidade jurídica, registei-a nesse mesmo ano no Governo Civil de Leiria, tendo-lhe sido atribuído o número 28. Em 1977, os estatutos foram publicados no jornal “O século”. A ARC possui mais de duas centenas de taças, conquistadas pela sua participação em vários torneios regionais de futebol, atletismo e futebol feminino ao longo da sua existência Esteve quatro anos na II divisão distrital da Associação de Futebol de Leiria e um ano na I divisão. O clube tem períodos de menos atividade mas raramente está inativa e nunca deixou de festejar o Carnaval e as festas de seu aniversário.
A ARC adquiriu, posteriormente, 2200 m² de terreno anexos ao seu campo de jogos. Esta circunstância e um empréstimo financeiro - temporário e sem juros, de vários sócios - permitiram iniciar a construção dum pavilhão que vai sendo concluído na medida das possibilidades. De vez em quando cede as suas instalações para a festa anual da Senhora do Amparo e também para apoio às atividades das crianças da vizinha escola. A sua sede abre todos os dias à tarde para convívio dos seus associados, visitantes e amigos. De acordo com dados de 2007, existiam no concelho de Porto de Mós cento e dez associações. No decorrer dos últimos trinta anos algumas das vinte e oito associações existentes no Distrito de Leiria em 1975 terão cessado a sua atividade, pelo que se admite que a ARC será neste momento uma das mais antigas do distrito e seguramente do concelho. Nos seus estatutos - por uma questão de economia financeira nos registos e em publicações oficiais – as regras sobre o funcionamento interno da ARC foram intencionalmente relegadas para um Regulamento Interno (Capítulo VI dos Estatutos), que só na Assembleia Geral de março de 2007 foi aprovado. Reforçou-se, assim, a sua credibilidade e legalidade. Neste documento ficou definido, entre outras coisas, o emblema do clube, assim como as suas cores - verde, o branco e o amarelo. O emblema é o que foi desenhado por Eduardo do Carmo Graça em 1968 e que consta dum escudo que termina em bico virado para baixo. Ao centro tem uma faixa obliqua, ascendente da esquerda para a direita com a sigla da associação. Nos lados desta faixa, apresentam-se duas estrelas de seis pontas, de igual tamanho, que pretendem ser as estrelas guias, que dão sorte, conduzem e protegem. No desporto é frequente ver atletas procurando inspiração e proteção nas estrelas. No topo superior do escudo apresenta-se uma faixa com três cruzes gregas de quatro pontas com igual
longitude. Inspiram orientação dos quatro pontos cardeais de modo a que não se fique desnorteado ou se perca a tramontana16: O escudo termina com três castelos numa alusão a D. Fuas Roupinho - ilustre antepassado das terras locais que colaborou com D.Afonso Henriques na fundação da nacionalidade. A cor branca simboliza pureza, paz e perfeição; a verde manifesta esperança, juventude e vitalidade; a amarela manifesta luz, calor, otimismo e alegria. A ARC, apesar de ser uma das manifestações coletivas do querer e do esforço duma pequena comunidade, vai cumprindo os seus objetivos mantendo a sua atividade com altos e baixos, mas sempre aumentando o seu patrimonio e as condições que oferece aos sócios, aos amigos e aos atletas, como é o caso da construção dos seus balneários com água aquecida a energia solar. É no atletismo que a ARC se vai afirmando. Nessa modalidade já foi considerada várias vezes a melhor equipa do concelho de Porto de Mós. O seu já famoso "Crosse da Laminha" é já um caso sério a merecer mais atenção e consideração. É frequente ter centenas de atletas inscritos, repartidos pelos vários escalões, deslocando-se muitas vezes a expensas próprias, fazendo boas prestações em provas nacionais e projetando a sua imagem para o exterior. Com efeito, em 1991 foi constituída uma equipa com cinco atletas da terra; em 1994 organiza-se o primeiro grande prémio de atletismo da Cumeira. Em 1995, a equipa é inscrita na Federação Portuguesa de Atletismo; em 1999 a equipa corre pela primeira vez no estrangeiro (Espanha) e Fernando Afonso, atleta da equipa, ganha a Meia- Maratona da Nazaré no escalão IV de veteranos. Em janeiro de 2000, a equipa corre na ilha do Pico nos Açores. Referindo apenas o ano de 2006, acrescento que participou em quarenta e quatro provas, vencendo como equipa todas as nove provas realizadas no concelho. Obteve ainda o primeiro prémio na 20a corrida Porto de Mós/Serra de Aire, na 1a estafeta dos Bombeiros Voluntários do Juncal e no Duatlo Veteranos do Lis. Por detrás destes resultados tem estado a vontade e a determinação dum pequeno grupo de pessoas onde se tem destacado o sócio e atleta Vitor Ferreira, várias vezes aplaudido e louvado em Assembleias Gerais. Do livro:
"Vivências Duma Geração" (por : José Conteiro)
NECESSÁRIO MOEDA DE 0.5€ OU 1€
(sem preocupações vai a reaver)
por favor deixar tudo exatamente como encontrou !!!