Ela debruça-se sobre esta extremidade de terra exposta aos elementos da natureza.
Efémero promontório que um dia foi cuspido sobre a forma de fogo desde as profundezas do mar.
Ao longe, um pedaço de terra.... A ilha de Porto Santo parece emergir das brumas.
De novo, ela sente o vento gélido empurrá-la para a frente. E a imensidão azul a toda a volta.
Bastaria um passo para cair no abismo do esquecimento.
Ao seu redor, o mar revolto atira-se contra as rochas rugindo em todo o seu esplendor....
Fogo, Água, Terra e Ar.... Todos eles se elevam e reclamam a sua grandeza.
Ela aproxima-se do abismo e fecha os olhos.... Vertigens....
E pensa em tudo o que deixou para trás.
Quando não existem respostas, as perguntas deixam de fazer sentido.
Entregamo-nos ao silêncio.... Da nossa existência.
E sem mais.... Deu um passo no vazio...
São precisamente as perguntas para as quais não há resposta, que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras de nossa existência.
[A alma e o corpo, de A insustentável leveza do Ser]