e passares por mim, olha-me duas vezes, toca-me no chão e encantar-te-ei os olhos com histórias que não se contam, que se dizem em surdina para não serem ouvidas, e se me deixares sussurro-te aos ouvidos histórias de outros tempos, que por serem malditas te incomodarão as noites e acompanharão os dias.
ercorre-me o interior com calma, escuta o rumor visceral que me alimenta, aqui encontras todos os gritos de séculos passados, as preces de quem rezou a um Deus maior que o teu, e na tua pequenez rende-te a mim e roga para que tenhas coragem de continuar pelos corredores que te peço que calcorreies.
ão te esqueças de deixar à porta a soberba e a arrogância, aqui moram outras almas que não entendem senão a bondade e a devoção, mas que te amaldiçoarão os passos se os deres incertos e se ousares olhar sem ver, as lágrimas vertidas, os gritos de quem suplica a vida depois de fugir a uma morte certa.
eza a lenda que por aqui permanecem todos os que nesta casa se refugiaram de pragas e pestes que assolaram a região, e que uma dita Santa se deitou entre estas paredes e nelas procurou refúgio para o corpo e para a alma.
qui se escondem almas perfeitas, que ainda hoje procuram retiro em todos os recantos onde a luz não chega e onde o sol não se põe como é natural que o faça todos os fins de tarde.
xistem dias em que os dias são sempre noites, e nestes dias os gritos são mais audíveis e a tua presença é apenas mais uma no meio de tantas. Pára e ouve, e se te assustares é porque tens razões para isso, nunca duvides de um primeiro instinto, esse é sempre o mais verdadeiro.
as se a calma se assolar e te sentires embriagar pelo local, desconfia… existem sereias de adobe e lama entremeadas de pedras nas paredes que teimam em vencer o tempo e se mantêm de pé.
e escorrer água das paredes prova-lhe o sal, nem sempre o mar dos olhos é salgado, e a frescura que te envolve nos dias de verão nem sempre é o resultado da frescura de uma casa, por vezes o vento sopra mais devagar, quase como se fosse um suspiro, e a casa fala-te e é necessário que a ouças, porque ela não te deixará sair de outra forma.
o silêncio que a circunda encontras a chave da saída, ou o trinco que te amarrará para sempre a alma.