As Furnas do Cavalum são um conjunto de quatro grutas, cientificamente numeradas de um a quatro em numeração romana, resultantes de canais de lava, existentes na freguesia de Machico, Ilha da Madeira. Representam uma importante estrutura geológica onde habita uma fauna cavernícola diversa, existindo mesmo espécies endémicas únicas.
A gruta I (Cavalum I), a mais à esquerda, encontra-se a uma altitude de cerca de 125 metros, localizando-se a leste da gruta II. È, das quatro, a mais difícil de localizar porque a sua entrada principal encontra-se parcialmente coberta pela vegetação. Atinge os 300 metros de comprimento e é a mais complexa e a menos visitada das quatro.
A gruta II (Cavalum II) é a mais acessível e também a mais visitada. As veredas existentes, conduzem directamente à entrada desta gruta. Situa-se a uma altitude de cerca de 140 metros e estende-se por cerca de 110 metros.
A gruta III (Cavalum III), localizada cerca de 10 metros a oeste da gruta II, encontra-se à mesma altitude sendo também bastante visitada. Apresenta uma extensão de 90 metros sendo constituída por um tubo vulcânico único de desenvolvimento irregular e pendente ascendente desde a entrada
A gruta IV (Cavalum IV), localizada a oeste da gruta III, encontra-se a uma altitude de 135 metros. A sua entrada é baixa e larga e a sua extensão não ultrapassa os 50 metros.
As gruteis mais acessiveis e que se encontram directamente no trilho são as Cavalum II e III. A Cavalum I exige que se desce um pouco mais e faça uma maior pesquisa, estando a um nível inferior e mais escondida. O acesso a Cavalum IV está barrado pela vegetação.
Lenda do Cavalum
Segundo a lenda, nos tempos em que o Cavalum andava à solta (diabo em forma de um enorme cavalo com asas de morcego que deita fogo pelas narinas), foi a besta bater à porta de igreja para falar com Deus propor um desafio: o monstro tinha a intenção de destruir toda a povoação, igreja incluída, e queria ver se Deus, que já estava um bocadinho velho, tinha forças para o impedir.
Deus mandou-o embora dizendo que não tinha paciência para tais brincadeiras. Mas o Cavalum, que achou que tinha sido honesto em O avisar, reuniu o vento e as nuvens e juntos despertaram uma grande tempestade que se abateu terrível sobre a povoação.
Do alto do penhasco, o Cavalum relinchava de satisfação perante a aflição dos habitantes. Mas Deus, envolvido nas suas mantas diante da lareira, não mexeu um único dedo, pensando que o Cavalum depressa se cansaria da sua brincadeira.
Mas a tempestade subiu de intensidade e o povo, atemorizado, viu as casas e os campos serem arrasados. Até o crucifixo voou pelos ares até ir parar ao mar.
Foi aí que Deus começou a ficar mesmo muito irritado e decidiu acabar com toda aquela provocação infantil. A sua primeira reacção, claro está, foi fazer com que um barco que estava no mar achasse o crucifixo. Depois chamou o sol que apareceu com toda a sua força, afastando as nuvens, o vento, os trovões e os relâmpagos.
O céu ficou azul e a felicidade voltou ao coração dos homens. Não querendo mais ser interrompido nos seus afazeres pelas tropelias do monstro, Deus decidiu prender o Cavalum nas grutas. Ainda é possível, em dias de temporal, ouvir os urros e as patadas do Cavalum ecoar nas paredes da gruta.
Embora haja quem diga que estes ruídos não são mais do que o eco do ribombar dos trovões, o povo afirma serem do monstro que ali foi obrigado a ficar contra a sua vontade.
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