Para a maioria dos residentes na Figueira da Foz, Cristina Torres é nome de Escola; para a maioria da população portuguesa será uma “ilustre” desconhecida.
Nascida na Figueira da Foz a 21 de Março de 1891, Cristina Torres dos Santos desde cedo teve contato com os ideais republicanos que então germinavam em Portugal. A sua infância foi vivida com os avós, e na mesma cidade, onde frequentou a Escola Primária. Aos treze anos viu-se obrigada a abandonar os estudos e a iniciar uma actividade, a de costureira, enquanto frequentava os cursos nocturnos da Escola Industrial. Desde jovem manifestou gosto pela leitura e foi colaboradora dos jornais “A República”, “Voz da Justiça”, “Redenção” e “A Evolução”, servindo-se por vezes do pseudónimo de Maria República.
Aos vinte e um anos foi para Coimbra, pois pretendia continuar a estudar. Por diversas vezes o Ministério da Instrução procedeu a alterações da legislação, o que afectou Cristina Torres que ia vendo adiada a sua entrada na Universidade. Mesmo assim completou o curso dos Liceus, a Escola Normal Primária e o Curso de Histórico-Geográficas.
Cristina Torres, paralelamente ao seu papel de estudante, de costureira em casa de colegas, de trabalhadora na Imprensa da Universidade, dava ainda aulas de instrução primária a operários, em horário pós-laboral e arranjava tempo para manter intensa actividade política, colaborando nos jornais “Resistência”, “Briosa “ e “Revolta”. Entretanto em 1914, casou com Albano Duque, outro democrata figueirense, tendo ambos vivido épocas de privações. Entre 1915 e 1922 foi professora das Escolas Móveis - instituídas na 1ª República como meio de combate ao analfabetismo - em Coimbra e Moinho da Mata, mas mantendo a necessidade de continuar a costurar, pois devido à discriminação dos sexos existente, não conseguia colocação como professora do Ensino Secundário.
Em 1922, Cristina Torres veio dar aulas para a Figueira da Foz e dois anos mais tarde foi nomeada professora efectiva da Escola Industrial de Bernardino Machado, leccionando Português, Francês, Inglês e Geografia. No entanto em 1932, devido à sua intensa atividade politica foi mandada prestar serviço na Escola Industrial e Comercial de Bartolomeu dos Mártires, em Braga.
Em 1949 a perseguição politica atingiu o auge com a instauração de um processo de suspensão que a colocou numa situação de inatividade.
Regressada à Figueira da Foz, as lições particulares passaram a constituir o seu modo de vida.
Em 9 de Fevereiro de 1974, apesar de ainda se viver sujeito à censura e à repressão, realizou-se na Figueira da Foz uma Homenagem Nacional a Cristina Torres e a José Rafael Sampaio, outro democrata. A homenageada esteve presente; pouco faltava para ver chegar e viver o dia 25 de Abril de 1974 e usar da liberdade de expressão sem entraves.
Cristina Torres faleceu em 1 de Abril de 1975.
(Texto adaptado da comunicação proferida pela Dr.ª Clara Martinho no vigésimo quarto aniversário da Escola)
Em 24 de Novembro de 1986 foi inaugurada a então Escola Secundária n.º 3, a que posteriormente viria a ser dada o nome de Escola Secundária com 3º CEB de Cristina Torres.
PRÉMIO PARA O "FTF"