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Santuário de Nossa Senhora da Vista, situado no monte com o mesmo
nome entre as freguesias de Tangil e Podame do concelho de Monção,
distrito de Viana do Castelo.
Não se sabe quando começou esta devoção nem a que época remonta a
construção da primitiva capela e tão pouco quem a construiu.
Não podendo ser exactos, nem fazer disso total verdade, sabe-se
apenas que em 1774, sob invocação de Senhora da Boa Vista, já se
fazia a festa anual em honra da Santa, facto é que os documentos
mais antigos que fazem alusão ao local são os livros de receita e
de despesa, com termo de abertura, cuja elaboração data dessa
época.
O livro que existe possui o seguinte termo de abertura:
..."Dou comissão ao P.de Luís Alves, Secretário da visita,
para numerar e rubricar este livro, que há-de servir para nele se
carregarem as esmolas que se oferecerem a N. S. da Boa Vista e no
fim fará termo de encerramento"....
A festa de Nossa Senhora da Vista, como actualmente é chamada
realiza-se, no primeiro domingo de Agosto, um ano pela freguesia de
Podame, outro ano pela freguesia de Tangil, alternadamente.
A festa é precedida de uma semana de pregações, com procissão do
terço cantado. Já durante a semana o número de devotos é
considerável. Sendo no Sábado e Domingo que a afluência de
peregrinos atinge o apogeu.
Vêm das mais distantes freguesias do concelho e muitos ainda dos
concelhos vizinhos. Os que vêm de longe à semelhança do que
acontece no famoso Santuário de Nossa Senhora da Peneda, têm
quartéis onde podem descansar das fadigas da jornada e retemperar
as forças para a caminhada de regresso.
A Capela património comum das freguesias de Tangil e Podame, as
suas receitas eram constituídas pelos rendimentos dos campos que
faziam parte da fábrica e pelas esmolas oferecidas pelos devotos,
principalmente no dia da festa.
As esmolas eram não só em dinheiro, como também em frangos,
cabritos, linho, milho, fruta, etc., isto produtos dos campos e
criação, aquilo que o lavrador colhia para seu sustento e uma parte
do qual ia oferecer à Santa como preceito de gratidão.
As ofertas eram depois leiloadas ou vendidas e as importâncias
apuradas iam juntar-se aos rendimentos da fábrica, com as quais se
iam fazendo as obras necessárias e as despesas da festa.
A principal razão das festas era procurar "uma maior comunhão
com as coisas de Deus", e não o prazer e o divertimento.
No entanto alguma coisa se fazia para a distracção dos peregrinos,
depois das cerimónias, como hoje, missa, sermões e
procissão.religiosas que constituíam a parte principal da festa,
existia a parte lúdica, onde havia fogo de artifício, tambores,
gaiteiros, música, etc., que deviam deliciar os devotos de então,
como encantam ainda as gerações presentes.
Achando em meados de 1892 a capela de N. S. da Vista em estado
deplorável que repugnava ver exercer nela o culto divino,
resolveram as juntas das Paróquias de Tangil e Podame,
administradoras da mesma, substituí-la por uma capela nova, com
novo e mais espaçoso adro no próprio local da Capela antiga; e,
como não houvessem fundos para as despesas a custear, deliberaram
que se recorresse à caridade dos povos vizinhos, fazendo-se um
peditório, e que a festividade de N. S. da Vista fossem desde
então, até ao acabamento das obras feita a expensas das duas
freguesias, de Podame e Tangil, a fim de todas as esmolas
oferecidas a N. S. da Vista serem aplicadas às ditas obras.
As obras principiaram no ano de 1893, sendo completamente
destruídos a antiga Capela e adro.
Iniciadas as obras, não foi possível concluí-las antes da data, ou
seja no 1º domingo de Agosto de 1893, de harmonia com as resoluções
tomadas de comum acordo, pelas Juntas de Paroquia de Tangi l e
Podame começaram as festas em honra de N.S. da Vista a ser feitas à
custa das duas freguesias, para que todas as esmolas oferecidas
fossem empregues nas obras da nova Capela.
Num lapso de dez anos, tão longo para nós, habituados à rapidez da
era actual, se foi processando a construção da Capela e arranjo do
novo adro, verificou-se a recepção de avultadas esmolas de Merufe,
Riba de Mouro, Podame, Tangil, e muitas outras vindas de bem
longe.
Concluindo-se, portanto que a devoção a N. S. da Vista se estendia
a toda esta região o que, aliás, ainda hoje se verifica.
Tendo-se feito a estrada e construído a bela escadaria que muito
veio contribuir para o engrandecimento do Santuário e ainda hoje as
duas freguesias têm procurado engrandecê-lo, na medida das suas
possibilidades, tendo-se construído vários quartéis, uma casa da
mesa e um lindo altar no adro.
É no adro do Santuário da Sra. da Vista que se pode notar a
rivalidade saudável existente entre as duas freguesias que em muito
contribuíram para que este local se tenha tornado realidade que
podemos apreciar.
Assim:
…”Num cenário maravilhoso, onde os olhos, se deslumbram pelo
vale e nos fazem sonhar, é quase um imperativo erguer as mãos ao
céu, para agradecer-mos á Virgem o maravilhoso dom que nos permite
contemplar as maravilhas da natureza”...
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