Pederneira, terra de
pescadores desde o século XII, era denominada então
Seno Petronero, que
significa Golfo da Pederneira. Situava-se, nessa época, mais para o
interior e era a pesca na Lagoa a fonte de riqueza da vila.
Desenvolvida, no final do século XV, com a chegada dos pescadores
da assoreada e despovoada vila de Paredes da Vitória, foi um dos
mais importantes portos de mar dos Coutos do Mosteiro de
Alcobaça.
Sede de concelho, a Pederneira era, a seguir a Alcobaça, a vila
mais populosa e produtiva dos domínios de Cister.
O Rei D. Manuel I concedeu-lhe Foral em 1514. Na época áurea dos
Descobrimentos Portugueses – séculos XV e XVI – foi um dos mais
activos estaleiros navais do reino, de onde saíram muitas naus e
caravelas. Pelo porto da Pederneira eram escoadas mercadorias e as
madeiras do Pinhal do Rei, para a capital e além-mar. Da sua
população de pescadores foram recrutados muitos bravos marinheiros,
destacando-se o mítico calafate e mareante Bastião Fernandes, que
terá sido marinheiro na Rota das Índias.
No século XVIII, por
volta de 1760, chegou à Pederneira uma nova vaga de pescadores,
desta feita, oriundos de Ílhavo e da zona da Ria de Aveiro, que,
com eles, trouxeram novas redes e técnicas de pesca (pesca de
arrasto), dando um novo incremento populacional ao lugar e à
actividade piscatória. No entanto, o desenvolvimento do Sítio e o
progressivo afastamento do mar, devido ao assoreamento da Lagoa e
ao aparecimento da nova praia, levaram à decadência da Pederneira,
em finais de setecentos. Lentamente os seus habitantes vieram
fixar-se na recente enseada.
Após um longo período de algum abandono, paulatinamente a
Pederneira recobrou a vida ao longo do século XX.
Sossegada e agradável, a Pederneira é o miradouro atento do mar e
do casario da Praia, guardiã de memórias de outros tempos, merece
uma visita atenta.