«"Neo", meaning "new", and "lithic",
I-T-H-I-C, meaning "stone".»
Dr. Henry Jones
Jr
A oito de Fevereiro de 2002, as
comportas da barragem do
Alqueva descem, depois de uma espera de mais de meio século. As
águas do Guadiana (o grande rio do Sul) começam a ser retidas e a
formar o maior lago artificial da Europa.
Durantes anos anteriores a este
acontecimento, arqueólogos prescrutam toda a área que vai ficar
alagada, tentanto identificar todos os lugares com interesse
histórico. São catalogados centenas, abrangendo a pré-história até
a idade média. Os mais afectados foram os cerca de 80 moinhos, que
testumunham a actividade económica existente na região desde a
baixa idade média. Por outro lado, as gravuras rupestres do
Alandroal, descobertas em Abril de 2001 (cerca de um ano antes do
fecho das comportas) foram alvo de decalques directos, fotografia e
topografia dos núcleos e moldagem para realizar cópias fiéis. As
rochas foram por fim seladas para minimizar a erosão e
proteger a sua condição de jazida em submersão, pelo menos para os
próximos 100 anos. As futuras gerações o dirão...
Um fim complectamente diferente
teve o cromeleque de Xeres, foi o único monumento deslocado para
uma cota mais elevada. Este conjunto de menires, na sua localização
original (N 38° 24,966 W 007°
23,398) foi durante mais de mil anos centro de culto e
magia, agora re-localizado é simbolo de um território em mudança e
da preservação da memória.
O Xarez inseria-se, em termos
imediatos, numa área - a Baixa do Xarez - muito rica em vestígios
de habitat neolíticos, dispersos em redor dos afloramentos
graníticos mais destacados. No limite NE desta área, junto ao
Guadiana, localizava-se o povoado (Neolítico antigo/médio e final)
do Xarez. Numa escala mais abrangente, o recinto do Xarez
integra-se na grande mancha megalítica de Reguengos de Monsaraz,
com uma elevada concentração de antas, alguns grandes menires
isolados e restos de recintos megalíticos e uma densa rede de
povoamento neolítico e calcolítico (Menir do Outeiro, Belhoa,
Barrocal e antas do Mt da Pega).
O Recinto é composto por cerca de
cinquenta e cinco monólitos, na maior parte de pequenas dimensões
e, muitos deles, de forma ovóide irregular. Não se conhece, de modo
satisfatório, a planta original do monumento; o único caso em que
foram cabalmente identificadas as estruturas de implantação é o do
menir 1, interpretado como menir central do recinto.